Donald Trump sente-se isolado e atacado. As últimas decisões que tem tomado na Casa Branca são o reflexo da frustração que o presidente dos EUA sente com as limitações impostas ao seu poder, dizem os analistas contactados pelo The Guardian. “Rancor”, “birras” e “frustração” são algumas das expressões utilizadas para justificar o facto de o presidente norte-americano ter avançado sozinho com críticas ao governo “fanático” do Irão, a propósito do acordo nuclear, e de ter tentado sabotar o Obamacare – dossiês que estão para discussão no Congresso.

O responsável pela equipa da Casa Branca, John Kelly, disse ao The Guardian que o Congresso está a ser “frustrante” para Donald Trump.

Claro que o nosso governo está a ser desenhado para ser lento e é lento. Acho que a maior frustração dele — por ser um homem que vem de um ambiente externo a Washington — é o processo em que se encontra atualmente”, afirmou, acrescentando que para Donald Trump as soluções para os EUA são óbvias, independentemente de se tratarem de impostos, do sistema de saúde ou de questões militares.

“Para ele, tudo isto são coisas que têm obviamente de ser feitas para proteger os americanos e fazer crescer o emprego”, afirmou John Kelly. Rick Tyler, que é analista político e sócio da Foundry Strategies acrescenta que Trump está bem ciente dos limites do poder presidencial. “Não é como ser presidente executivo de uma empresa onde podes fazer tudo o que quiseres”, acrescentou.

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Duas fontes anónimas contaram à Vanity Fair que Trump disse ao chefe de segurança Keith Schiller que “odiava toda a gente na Casa Branca. Há algumas exceções, mas odeio-os“.

Donald Trump acabou com os subsídios de partilha de custos que ajudam as pessoas com baixos rendimentos presente no Obamacare, justificando que o governo não pode continuar legalmente a pagar estes subsídios porque lhes falta uma autorização formal do Congresso. Mas a decisão foi condenada pelos democratas, incluindo a líder Nancy Pelosi.

“Penso que as ações do presidente relacionadas com o Iraque e com o sistema de saúde são os mais recentes exemplos da sua estratégia política” que serve para solidificar a sua base de apoio eleitoral, afirmou Evan McMullin, antigo agente da CIA e ex-candidato independente à presidência norte-americana.

Ao The New York Times, Bob Corker, senador republicano do Tennessee, chegou mesmo a dizer que Donald Trump não está a perceber que os comentários que tem vindo a fazer podem levar o mundo à terceira guerra mundial.