Durante um discurso em Filadélfia, o presidente americano anunciou que uma empresa estrangeira iria construir cinco fábricas nos EUA, sem contudo especificar o tipo de instalação fabril, o investimento envolvido e muito menos o número de empregos a criar. Nem tornou público o investidor, o que obrigou todos os jornalistas presentes no evento a consultarem os seus arquivos, na ânsia de descobrir de que dinâmica empresa se tratava.

Segundo revelou a revista italiana Quattroruote, Trump admitiu tratar-se de uma marca de automóveis e que a informação lhe teria sido fornecida depois de um encontro nas Nações Unidas, na semana anterior. Mas a realidade é que ninguém decide criar cinco novas fábricas de ânimo leve, pois não só o investimento é elevadíssimo, como depois há que escoar o produto e, embora o mercado esteja a crescer, o ritmo não é assim tão elevado a ponto de justificar tal investimento.

Os maiores investimentos nos EUA para os próximos anos, pelo menos os que se conhecem, são os da Toyota (que anunciou uma nova fábrica em parceria com a Mazda, com um investimento total de 1,6 mil milhões de dólares); da Volvo, que já tinha revelado há tempo que iria remodelar a fábrica que possui na Carolina do Sul, para a preparar para as novas plataformas híbridas; e da Mercedes, que confirmou recentemente uma remodelação e ampliação da fábrica que possui no Alabama (para a preparar para a produção dos eléctricos da gama EQ), num total de mil milhões de dólares. Paralelamente, a Toyota irá investir uma quantia relativamente pequena em cinco fábricas já existentes, de forma a adaptá-las às novas plataformas híbridas, o que representa um investimento de apenas 374 milhões de dólares.

Que vai existir investimento no mercado americano, tanto de marcas nacionais como estrangeiras, isso é há muito uma realidade, provando que a técnica de falar “grosso” de Trump, misturada com algumas ameaças, deu os seus frutos. O problema é que todos estes investimentos já eram conhecidos, pelo que Donald Trump estaria necessariamente a referir-se a um novo investimento que ainda não é do conhecimento público.

A ser assim, de onde será a empresa investidora? A dúvida permanece, com a esperança que o construtor de automóveis não seja oriundo da Nâmbia, o país, alegadamente africano, que Donald Trump inventou num dos seus discursos mais recentes.

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