O distrito de Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, vai realizar um registo da população, depois dos ataques às autoridades levados a cabo por um grupo armado de inspiração islâmica radical formado por pessoas da vila.
“Estamos a trabalhar para massificar cada vez mais a vigilância comunitária”, disse esta segunda-feira em entrevista à Lusa o presidente do município, Fernando Neves.
O registo vai ser feito a partir das estruturas de bairro, para que se saiba em detalhe quem por ali reside e também para conhecer melhor cada pessoa, referiu, apontando como exemplo, a necessidade de “saber daqueles que não estudam e porquê”.
“Para nos desenvolvermos, para podermos ter ideias, temos primeiro que estudar: a pobreza está na nossa cabeça” e “a ignorância” abre portas à manipulação por terceiros, referiu.
As autoridades islâmicas e do Estado têm sustentado a ideia de que é a população mais desfavorecida e sem escolaridade que está a ser manipulada por supostos líderes religiosos para atacar as autoridades como forma de afirmação.
Fernando Neves estima que este novo registo da população – que deverá complementar a informação já recolhida durante o censo nacional realizado em agosto – deverá arrancar terça-feira e decorrer durante 30 dias.
A ação inclui recolha de informação sobre visitantes, nacionais e estrangeiros.
Relatos da população não confirmados pelas autoridades dão conta de que se continuaram a ouvir disparos no mato, nos arredores de Mocímboa da Praia, até à madrugada deste domingo.
Ainda assim, o presidente do município considera que, para já, não se justificam mais reforços além dos já estacionados em Mocímboa.
“Acho que com o envolvimento da estrutura de base”, referiu, pode ser garantida a segurança.
Num ataque a 05 de outubro e cujos tiroteios se prolongaram por 48 horas, paralisando a vila, morreram dois polícias, 14 atacantes e o grupo armado terá ainda abatido um secretário de aldeia.
Registaram-se ainda vários feridos.
Outros quatro elementos das autoridades, que seguiam em patrulha, e sete membros do grupo armado morreram num outro confronto na quinta-feira, junto à aldeia de Maculo, cerca de 20 quilómetros a norte de Mocímboa da Praia, de acordo com o relato de diferentes fontes à Lusa.