Com centenas de incêndios ativos por todo o Centro e Norte do país, há relatos que são quase transversais às várias populações afetadas: os de quem, denunciando a falta dos meios de combate aos incêndios, lutou com os meios que tinham à disposição contra um cenário que se vê “só nos filmes”.

Comecei a ouvir carros a apitarem. Levantei-me, tirei a minha avó, fui buscar a minha tia que está acamada. Depois começou a arder tudo por trás da minha casa. A casa ficou completamente cheia de fumo, começou a arder por baixo, explodiram as botijas do gás”, relata uma moradora de Penacova à SIC.

O cenário de “catástrofe” instalou-se quase de repente. Alguns moradores dizem que quase não se aperceberam que as chamas estavam prestes a atingir as suas casas. João Loureiro, de Braga, perdeu a casa onde vivia há 48 anos. Foi retirado pela GNR de casa porque não percebeu que o fogo se aproximava dela. “Nunca vi uma coisa tão rápida como isto”, disse em declarações à RTP.

Em Viseu, um residente, em declarações à SIC, descreve um “vento quente, um vendaval”. “Depois [o fogo] pegou-se de um lado para o outro e pronto. Ardia de um lado e do outro, ardia tudo”, disse ainda.

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Carlos Santos, em declarações à RTP, relata uma “noite infernal” na Marinha Grande e denuncia que “não havia um único carro de bombeiro”. “Teve que ser a população a lutar por si”, revelou.

Para salvar a minha casa às duas horas da manhã, tive que, com a ajuda dos meus colegas, pegar no motosserra e derrubar os pinheiros porque senão a minha casa tinha mesmo ardido toda”, disse ainda.

Na Sertã, os relatos não são diferentes: “Mais ninguém nos vem proteger. Nem vimos um bombeiro a trabalhar”, disse um morador à RTP. Em Penacova, um residente, em declarações à SIC, disse que já conseguiu “salvar três ou quatro idosas”.

Não há bombeiros, não há nada, não temos ajuda de ninguém. Isto está muito mau. Não sei onde é que está a minha família, os meus pais. Não sei nada”, disse ainda à SIC.

Em Vieira de Leira, à RTP, um morador descreve “populações inteiras a fugir das chamas aflitas e outras a desmaiar”. “Trabalhamos uma vida inteira para conseguir alguma coisa e num momento…”, disse emocionado.

Joaquim Galvete defende que fazem falta guardas florestais na Marinha Grande. Relembra que já aconteceram situações deste género na zona mas que “rapidamente eram colmatadas” uma vez que as matas eram limpas por “funcionários mandados periodicamente por guardas florestais”. “Hoje não. Hoje isto está completamente abandonado”, denunciou na RTP.