Célia Lopes prepara-se para promover a cidade da Praia no IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, evento em que estão mais de 80 países e quase três mil participantes, numa semana em que “o mundo é Cabo Verde”.

A azáfama começou mais de três horas antes da abertura oficial do fórum, com registo dos participantes, entrega de credenciais, pedidos de informação e os últimos retoques dentro e fora do Estádio Nacional, nos arredores da cidade da Praia, onde decorre o evento.

Muita gente caminha de um lado para o outro com caixas, malas, equipamentos de som e de filmagem, jaquetas às costas, há cumprimentos calorosos, tudo sob olhar atento da Polícia Nacional (PN), que montou um forte aparato de segurança em todas as entradas.

Toda a gente é revistada para depois passar pelo detetor de metais, numa espécie de “boas-vindas” do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, o maior avento alguma vez realizado em Cabo Verde. Mais à frente, avista-se a sala de primeiros socorros, com profissionais de saúde, bombeiros e proteção civil a postos para qualquer eventualidade. A azáfama continua nos corredores do Estádio Nacional e nas salas de imprensa, de apoio, redação, e ouvem-se várias línguas de muitos dos mais de 80 países presentes no fórum.

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Mas os caminhos e atenções vão dar à tenda onde decorreu a abertura oficial, que tem o nome de “Santiago”, a maior ilha de Cabo Verde, enquanto as conferências e outras sessões vão ser realizadas em salas com o nome de todas as restantes ilhas do arquipélago.

Porta a porta com “Santiago” está montada outra tenda, com as exposições de todos os municípios cabo-verdianos. Logo que se aproxima do expositor da Praia, Célia Lopes dá as boas-vindas com um sorriso agradável, ao mesmo tempo que apresenta os produtos e serviços expostos.

“O mundo hoje é Cabo Verde”, afirmou à agência Lusa, no expositor que fica defronte do da Cidade Velha, património mundial da humanidade e a primeira cidade construída pelos portugueses na África Ocidental.

À semelhança da Praia, todos os expositores das outras ilhas, municípios e organizações apresentam vários produtos de artesanato, rendas e bordados, bijutarias, bebidas, doces, negócios e serviços. De São Salvador do Mundo, município do interior da ilha de Santiago, Carlene Fernandes apresenta doces, salgados, mel, grogue, cestos, quadros, produtos típicos da terra que vai dar a conhecer, esperando também vender.

Para o Fórum, Carlene Fernandes disse que Picos, a vila do concelho, criado em 2005 e um dos mais pequenos e mais pobres de Cabo Verde, está representado com “espírito de equipa” e espera também ter “oportunidade de conhecer outras culturas”.

A mesma expectativa tem o artesão Beto Diogo, que expõe sapatos, pulseiras, chaveiros, tudo feito de cabedal, e também apresenta os seus serviços como formador na área de artes de cabedal. Beto Diogo ainda arruma o expositor, faz uns chaveiros e dá informações sobre preços e produtos, e vai dizendo à Lusa que a realização do Fórum em Cabo Verde é uma “ideia louvável”.

“Espero que tenha bom impacto na economia”, perspetivou, dizendo que, pelo menos, vai permitir a entrada de “divisas” no país, numa “cadeia de valores” com retorno não só para o Governo, como também para restaurantes, bares, hotéis, transportes.

O “mundo” também vai conhecer os quadros de José Carlos, de nome artístico Zé di Dinhinha, natural de Assomada, na ilha de Santiago, mas que cresceu na Brava, a mais pequena ilha de Cabo Verde, que representa no Fórum. Um dos quadros é uma bandeira dos Estados Unidos que, disse, simboliza a emigração dos bravenses para aquele país e a pesca da baleia e outro que homenageia Amílcar Cabral, considerado o “pai” da nacionalidade cabo-verdiana.

Mas o que tem José Carlos com o coração “sofrido” é o crónico isolamento da ilha da Brava, mais conhecida por “Ilha das Flores”, por causa de problemas de transporte. Por isso, espera que o Fórum seja um “momento de negócios, convívio e experiências”, mas também de procura de oportunidades para “tirar a ilha do isolamento”, com mais atenção e apoios e formação aos seus quadros.

E espera também que a ilha não seja “conhecida” apenas pelo seu nome-maior, o escritor, poeta e compositor Eugénio Tavares, patrono do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades Cabo-verdianas, assinalado a 18 de outubro, este ano nos 150 anos do seu nascimento.

Representantes de mais de 80 países, incluindo Portugal, marcam presença no Fórum, que conta mais de dois mil participantes e 190 conferencistas. A organização estima um impacto financeiro para a economia local de cerca de 600 mil euros em transportes, alojamento, alimentação, comunicações e lazer.