Constança Urbano de Sousa já tinha a pedido ao primeiro-ministro para sair do Governo desde a tragédia de Pedrógão Grande. Não saiu na altura “por lealdade”, mas tornou a pedir a demissão logo após a nova tragédia de incêndios deste fim de semana. Diz que não tem “condições políticas e pessoais” para continuar no cargo e pediu esta quarta-feira a demissão para preservar a sua “dignidade pessoal”.

Leia a carta na íntegra:

Exmo. Senhor Primeiro Ministro,

Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade.

Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como para preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais, conforme viesse a ser proposto pela Comissão Técnica Independente. Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de carácter que sempre lhe reconheci.

Desde junho de 2017, aceitei manter-me em funções apenas com o propósito de servir o País e o Governo que lidera, a que tive a honra de pertencer.

Durante a tragédia deste fim-de-semana, voltei a solicitar que, logo após o seu período crítico, aceitasse a minha cessação de funções, pois apesar de esta tragédia ser fruto de múltiplos fatores, considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo, muito embora contasse com a sua confiança.

Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas de medidas a discutir no Conselho de Ministros Extraordinário de dia 21 de outubro, considero que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora, formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal.

Lisboa, 17 de outubro de 2017

Constança Urbano de Sousa

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR