Os dirigentes do PCP voltaram esta terça-feira a defender a “adoção de medidas imediatas e políticas de fundo” relacionadas com a floresta e a “tragédia” dos incêndios, rejeitando a sua utilização para “manobras parlamentares” com “objetivos políticos e partidários”. Uma forma de dar a entender que os comunistas não vão acompanhar o CDS na moção de censura ao Governo do PS que será votada na terça-feira. Se dúvidas houvesse sobre o compromisso do PCP com a “geringonça”, ficam aqui esclarecidas.

A dimensão da tragédia traduz dramaticamente os problemas da floresta acumulados por décadas de política de direita de governos PSD, CDS e PS“, acusa o PCP em comunicado, incluindo o partido do Executivo nas críticas.

Os comunistas exigem a “adoção de medidas imediatas e políticas de fundo que deem resposta a esses problemas e não que eles sejam utilizados como pretexto para manobras parlamentares que visam apenas objetivos políticos e partidários”.

O curto comunicado do PCP é divulgado após comunicação do Presidente da República ao país, a partir de Oliveira do Hospital, um dos locais mais afetados pelos fogos no fim de semana, na qual o chefe do Estado considerou ser essencial o parlamento clarificar o seu apoio ao Governo, face à moção de censura do CDS-PP, para “se evitar um equívoco” ou “reforçar o mandato para as reformas inadiáveis”.

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Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é preciso “abrir um novo ciclo”, na sequência dos incêndios de junho e de domingo passado, e que isso “inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo” – numa eventual alusão a uma recomposição do executivo do PS.

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, vai receber o CDS-PP na quarta-feira às 20h00 no Palácio de Belém, em Lisboa, e depois o PCP, às 21h00, após ambos os partidos terem solicitado audiências.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e 71 feridos, 55 dos quais ligeiros e 16 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas. Uma pessoa está ainda desaparecida.

O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça e quinta-feira. Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.