O Reino Unido está a enfrentar a ameaça de terrorismo mais severa da sua história. De acordo com o diretor do MI5, os serviços secretos de inteligência britânicos, os ataques no país são completamente inevitáveis.

Numa rara conferência de imprensa, Andrew Parker disse que o Reino Unido assistiu a “uma dramática aceleração das ameaças” terroristas este ano, tendo em conta os ataques em Westminster, Manchester e na London Bridge.

A ameaça é multidimensional, desenvolveu-se rapidamente e é organizada numa escala e ritmo que nunca tinham sido vistos”, afirmou o chefe da organização de segurança, acrescentando que “está num nível que nunca tinha visto nos meus 34 anos de carreira. Hoje em dia há mais actividade terrorista, a chegar a nós mais rapidamente e pode ser mais difícil de detetar”.

A conferência de imprensa de Andrew Parker surgiu numa altura em que o MI5 está debaixo de fogo depois de não ter detetado prematuramente os três atentados que o Reino Unido sofreu este ano. O diretor dos serviços secretos britânicos aproveitou para anunciar que a organização vai crescer em mil membros efetivos – de cinco mil para seis mil.

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Este mês, o governo britânico vai receber relatórios sobre os atentados, que analisam se era possível ter abortado os ataques a tempo e que lições se podem retirar. No comunicado à comunicação social, Andrew Parker também referiu este assunto e lembrou que o MI5 evitou mais atentados do que aqueles que realmente aconteceram, chegando a dizer que nos últimos quatro anos foram detetados a tempo 20 planos.

A ameaça é mais diversa do que tudo aquilo que conhecíamos. Tanto os planos aqui no Reino Unido, como aqueles no estrangeiro. São organizados online. Esquemas complexos mas também esfaqueamentos crus; planeamento prolongado mas também ataques espontâneos. Extremistas de todas as idades, género e contextos, unidos apenas na tóxica ideologia de vitória violenta que os motiva”, explicou um claramente consternado Andrew Parker, antes de revelar que nos últimos sete meses já foram evitados sete ataques.

O diretor do MI5 também defendeu os seus próprios funcionários e as suas decisões: “Eles levantam-se e vêm trabalhar todos os dias para tornar os ataques terroristas menos prováveis e para manter o país a salvo.” O terrorismo já causou 36 mortos no Reino Unido em 2017, divididos entre Westminster, Manchester e a London Bridge. Depois de tudo isso, a estação de Parsons Green testemunhou um ataque à bomba falhado.

Quando questionado sobre um novo atentado, Andrew Parker admitiu: “É possível que aconteça. Temos de ser cautelosos e não esperar uma eficácia de 100% porque isso não é alcançável”.