São Tomé e Príncipe e Cabo Verde têm muita história em comum e querem agora também falar a “uma só voz” na defesa dos pequenos Estados Insulares em desenvolvimento, afirmou hoje fonte são-tomense.

A intenção foi manifestada à agência Lusa por Wilson Bragança, diretor nacional do Planeamento de São Tomé e Príncipe, no âmbito do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, que decorre até sexta-feira em Cabo Verde.

“Penso que nesta questão todos os países SIDS (sigla em inglês para Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento) devem unir-se, concertar-se de modo a falarmos a uma só voz, porque Cabo Verde já graduou, São Tomé e Príncipe foi indicado para graduar no próximo ano porque reúne dois dos três critérios de graduação do Sistema das Nações Unidas”, exemplificou, referindo-se à graduação em país de desenvolvimento médio.

O diretor nacional do Planeamento indicou, porém, que há um “critério fundamental”, que é a vulnerabilidade, e que é “muito grande” quer em Cabo Verde quer em São Tomé e Príncipe.

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“Por isso, a nossa graduação pode não ser sustentável, temos um grande desafio de garantir a sustentabilidade dessa graduação. Nesse aspeto, temos de falar a uma só voz para que, junto da sede das Nações Unidas, defendamos uma transição específica e particular para os nossos países”, prosseguiu Wilson Bragança.

Na abertura do Fórum, na terça-feira, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, assinalou a falta de respostas comuns para os problemas dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento graduados a países de rendimento médio.

O chefe do Governo cabo-verdiano apelou, por isso, para soluções que permitam responder a choques externos, com condições específicas de financiamento e de medição das suas vulnerabilidades estruturais.

Segundo Wilson Bragança, todos os países estão à busca de um novo mecanismo e novo sistema de financiar o desenvolvimento, mas defendeu o “financiamento com sustentabilidade”.

“Vimos que a ajuda pública ao desenvolvimento tem estado a diminuir nos últimos tempos, então temos que apostar em mecanismos inovadores para financiar o nosso processo de desenvolvimento”, sublinhou o dirigente são-tomense.

No fórum de desenvolvimento local em Cabo Verde, Wilson Bragança foi um dos oradores no painel sobre os desafios dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, em que partilhou a experiência do país na governação e sustentabilidade do seu desenvolvimento.

Salientando que também pretende aprender com soluções adotadas em outros locais, o diretor nacional do Planeamento são-tomense indicou que se discutiram ainda formas de reforçar a capacidade institucional local, para alcançar um desenvolvimento sustentável.

Para favorecer o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, o diretor nacional destacou a medida do 16.º Governo constitucional, de atribuir incentivos fiscais especiais e específicas para investimentos em algumas regiões menos favorecidas.

“Creio que esta é uma iniciativa, uma medida de política pública bastante boa para poder garantir um maior equilíbrio do desenvolvimento das regiões”, avaliou.

O IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, que pela primeira vez se realiza num país africano, decorre, na cidade da Praia, até sexta-feira.

Cerca de três mil participantes marcam presença no evento, que conta com mais de 80 países, mais de 190 conferencistas e 49 sessões.