Não está cansado, não está gasto e muito dificilmente voltará a sair de moda, pelo menos, tal calamidade não se dará tão depressa. Falamos do sportswear, ou athleisure se preferir, a roupa que, sendo para uso diário e até para ocasiões especiais, não esconde as suas afinidades com o vestuário desportivo mais técnico. Serve a nota enciclopédica para introduzir a coleção que Luís Buchinho apresentou este sábado, num desfile que deslocou a máquina de Portugal Fashion para antiga Casa Moura, no Cais Novo.

“Nenhuma destas peças precisa de ferro”, disse Luís Buchinho sobre o lado prático da coleção © Ugo Camera

“Às vezes, apetece retomar esta temática, que já usei mas sempre de maneira muito pontual e muito vista à minha maneira. É sportswear visto por uma pessoa que não gosta de fazer desporto”, afirma o criador. O que já pairava há muito sobre as criações de Buchinho agora apareceu em doses concentradas. O designer partiu das sapatilhas e fez dos atacadores um elemento que atravessa toda a coleção. Surgem em sandálias, sacos, bolsas e em saias, decididamente as peças mais cobiçadas do desfile. Curtas, assimétricas em pele, recortadas e reatadas por cordéis, foram as estrelas de um cortejo que chegou de mansinho, com o tom rosa pele, ganhou substância com o coral e com o morango e foi ficando mais frio à medida que pendeu para os azuis, pretos e brancos.

Os padrões gráficos, imagem de marca de Luís Buchinho, trazem os círculos em peso para a guarda-roupa do próximo verão. Enquanto isso, as peças, descoladas do corpo, tinham todas uma característica em comum: o ar confortável. “Eu faço as coleções sempre muito direcionadas para aquilo que o consumidor quer e ele hoje em dia quer peças muito mais fáceis de usar. Já não está tão recetivo a peças muito pesadas, estruturadas, mais densas e desconfortáveis. Estamos numa altura em que a roupa é relegada para segundo plano até e tem que ser muito transversal e fácil de usar”, completa. Juntamente com os blusões, saias, tops e vestidos, Buchinho quer vender o sentido mais prático da moda.

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Os trajes do século XVIII na coleção de Alexandra Moura, em pleno século XXI © Lara Jacinto

Mas sábado não se resumiu ao desfile de Buchinho. Antes disso, já Katty Xiomara tinha voltado a aterrar de paraquedas, desta vez no antigo Matadouro Municipal do Porto. Em setembro a designer apresentou a coleção primavera-verão 2018 em Nova Iorque, durante a Semana da Moda, tal como aconteceu com Alexandra Moura. Depois de Londres, a criadora lisboeta rumou ao Porto onde ordenou que se estreitasse a passerelle, como já é seu hábito.

Nuno Baltazar trouxe-nos de volta ao que é suposto ser um desfile numa semana de moda: o primeiro olhar sobre uma coleção. A silhueta da mulher de Baltazar foi mudando ao longo do desfile. Mostrou-se nos seus melhores looks de passadeira vermelha, com vestidos e macacões (a peça que não pode faltar em nenhuma coleção do designer), mas também em fatos de inspiração masculina e ombros largos. Os homens também pisaram a passerelle, sóbrios, mas leves o suficiente para preferirem os materiais mais fluidos. Além da coleção “L’Amant”, inspirada no romance autobiográfico de Marquerite Duras, Baltazar revelou ser o próximo designer português a desenhar para a Sport Zone, depois de Katty Xiomara e Miguel Vieira.

Nuno Baltazar vestiu o próximo verão com tons os escuros © Lara Jacinto

O último dia de Portugal Fashion ficou marcado pelos desfiles de marcas portuguesas. Pé de Chumbo, Lion of Porches, Dielmar e Ana Sousa atestaram a vitalidade do pronto-a-vestir nacional. O calçado teve direito ao seu próprio momento, com as marcas Ambitious, Dkode, Fly London, J. Reinaldo, Nobrand e Rufel a desfilarem. Pelo meio, Micaela Oliveira fez baixar os trópicos na Alfândega do Porto.