Um ano depois da morte de Bhumibol, o Rei da Tailândia que morreu em outubro de 2016 deixando o país em luto oficial desde então, o funeral do monarca vai dominar a vida pública tailandesa durante os próximos cinco dias. O corpo do monarca, que esteve até agora depositado no Grande Palácio, em Banguecoque, já recebeu a visita de 12 milhões de pessoas. O custo das cerimónias ascende aos 3 mil milhões de baht, o equivalente a 76,7 milhões de euros. Ao longo do último ano, os visitantes, doaram cerca de 890 milhões de bath, o que chega quase aos 23 milhões de euros.

A cremação vai acontecer esta quinta-feira, dia para o qual foi decretado feriado nacional. A pira vai ser acendida pelo atual Rei da Tailândia e filho do Rei Bhumibol, Maha Vajiralongkorn. As cinzas serão depois levadas para o Grande Palácio na sexta-feira. No sábado e domingo, dão-se as cerimónias finais.

Segundo o Bangkok Post, milhares de pessoas acamparam à porta do local das cerimónias, para poderem assistir de perto à despedida ao Rei Bhumibol. São esperados cerca de 250 milhões de visitantes. Ao todo, a cerimónia também deverá contar com a presença de 42 chefes de Estado, entre os quais estão famílias reais europeias como as de Espanha, da Bélgica, Suécia, Holanda e do Reino Unido.

Televisões com programação austera e cidadãos vestem cores escuras ou branco

A cerimónia em honra ao Rei Bhumibol, que com um reinado de 70 anos foi o monarca com maior longevidade, vai acontecer num crematório construído especialmente para este fim. O edifício, que foi erguido em apenas sete meses mesmo ao lado do palácio real tailandês, foi arquitetado para se assemelhar ao Monte Meru, uma figura mitológica hindu e também budista, que contempla cinco cumes. O crematório conta ainda com mais de 500 estátuas, com referências religiosas e da vida do Rei Bhumibol, incluindo até os seus cães preferidos.

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As cerimónias vão pôr fim a um período de luto nacional que dura desde a morte do Rei Bhumibol, a 13 de outubro de 2016. Desde então, era comum ver na Tailândia os funcionários públicos vestidos de forma discreta, com cores escuras, como maneira de assinalar a morte do monarca. As ruas e as estradas contam com cartazes em sua homenagem. Este ano, pela ocasião do primeiro aniversário do óbito, foi decretado a intensificação do luto nacional, que deverá durar até dia 29 de outubro, o dia final das cerimónias.

O Bangkok Post, jornal anglófono baseado na capital da Tailândia, fez um artigo onde dá exemplos de frases que devem ser ditas para prestar homenagem ao Rei Bhumibol. “O carinho sem limites e a bondade graciosa de Sua Majestade ficaram gravadas nos nossos corações e nas nossas mentes. Que o Grande Monarca descanse para sempre no Céu”, está entre as frases aceitáveis.

Segundo o The Guardian, os canais de televisão receberam ordens para não transmitirem programas animados e também para reduzirem a saturação das cores, de maneira a serem mais discretos. Os parques estão adornados com margaridas amarelas, uma flor associada às segundas-feiras e também ao Rei Bhumibol, por ele ter nascido nesse dia da semana.

Morreu o rei da Tailândia, o monarca há mais tempo no trono

Ao longo dos setenta anos de reinado, o monarca caracterizou-se por um estilo de vida sóbrio e pela defesa da cultura e valores tradicionais tailandeses. Essa postura deu-lhe legitimidade para intervir em momentos delicados da vida do país.

O rei da Tailândia não tem poderes políticos efetivos, mas Bhumibol, através do interesse que demonstrou em diversos projetos de desenvolvimento de infraestruturas, conseguiu transformar a monarquia numa das instituições mais importantes do país. A isso não é alheio, igualmente, o facto de a Tailândia ter leis que punem duramente as críticas abertas à monarquia. A sua outra paixão era a fotografia.