Seria muito mau para os portugueses que, em cima do que aconteceu, tivessem problemas entre o Presidente da República e o Governo por causa dos incêndios.” Foi assim que Santana Lopes manifestou a sua preocupação com as notícias desta quinta-feira, que dão conta do mal estar no Executivo e no PS com as duras críticas endereçadas por Marcelo Rebelo de Sousa à forma como António Costa e os seus ministros lidaram com a tragédia dos incêndios florestais.

Os socialistas acusam Marcelo Rebelo de Sousa de se ter aproveitado politicamente do momento mais frágil do Governo. “Quando li isso hoje nem queria acreditar”, disse aos jornalistas, antes de um jantar com a estrutura de campanha, no Porto.

Salvaguardando que não sabe se “os factos que hoje vêm referidos são, ou não, verdadeiros”, o candidato à liderança do PSD sublinhou que só a existência das acusações e do que “este clima possa criar” são motivo de “preocupação.

Algo de estranho deve ter acontecido para órgãos de comunicação respeitáveis falarem de um tema tão sério e de não haver desmentidos. Custa a crer que nada se tenha passado. Algo se passou. Os próprios saberão qual a melhor maneira de ultrapassar isto, para o bem de Portugal.”

Dirigente socialista acusa Marcelo de “passar rasteira” ao Governo

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Sobre se Marcelo Rebelo de Sousa pregou uma rasteira ao Governo, como acusou esta quinta-feira o deputado e dirigente socialista Porfírio Silva, Santana foi taxativo. “Não acredito.

Santana Lopes foi ao Porto com o objetivo de conversar com alguns membros do PSD/Porto sobre a candidatura à presidência do partido, que disputa com Rui Rio e cujas eleições estão marcadas para 13 de janeiro. Apesar de ainda faltarem quase três meses, o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia começa no sábado, em Valongo, o primeiro de muitos encontros com militantes que tem pela frente, para conseguir o máximo possível de apoios.

O candidato mostrou-se sereno face à recusa de Rui Rio de participar nos 20 debates pelo país, uma proposta que classificou como “espetáculo ambulante”. “Essas polémicas interessam-me pouco”, comentou Santana Lopes. “Interessam as propostas que cada um tem para apresentar para o partido e para o país. Querem, querem. Não querem, não vou insistir.

Sem que ninguém tivesse falado em sondagens, Santana disse: “eu não comento sondagens”, para logo a seguir mencionar duas. A da CM/Aximage, bem mais favorável a Rui Rio, e a “outra, de um jornal muito conceituado” o semanário Expresso, “estranhamente silenciada com resultados muitíssimos diferentes”. Depois, criticou a estratégia do adversário, que está a direcionar a campanha no sentido de a escolha ser entre quem dará um melhor primeiro-ministro, mais do que quem será um melhor presidente para o PSD.

“Quando as pessoas começam a sentir que lhes falta o pé no eleitorado que está em causa começam a falar de outro”, disse o ex-primeiro-ministro, que considera que o adversário não tem o apoio necessário dos militantes para vencer a eleição. “Cá dentro está a correr muito bem, e cá dentro falam dos de fora e não aceitam falar com os de dentro. É estranho.

No jantar marcaria presença António Bragança Fernandes, líder do PSD/Porto, que anunciou o seu apoio pessoal ao ex-provedor da Santa Casa. Para justificar esse apoio, descreveu Santana como alguém “mais humanista” e “menos economicista” do que Rio. Uma imagem que o candidato à liderança reforçou:

Se o PPD/PSD deve ser mais PPD [Partido Popular Democrático], estar mais junto das bases, ser mais popular, ir ao encontro das pessoas e das suas necessidades, ou se o líder deve estar fechado num gabinete, com uma cara fechada e uma distância grande — são maneiras de estar diferentes. Se se quer para o país uma obsessão com o défice zero, ou se se quer uma obsessão com o crescimento e a distribuição com justiça”, afirmou Santana.