A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) contesta perto de 30 pontos listados no relatório da Comissão Técnica Independente (CTI), que avaliou o combate ao grande incêndio de Pedrógão Grande – e conclui que “as falhas apontadas, na prática, ou não existiram ou se traduzem em situações decorrentes da complexidade” do próprio fogo.

Ao longo das 23 páginas, o relatório secreto da Proteção Civil agora divulgado pela TSF e pelo jornal i (com data de 16 de outubro, dias antes da saída da ministra da Administração Interna) é fortemente crítico. Acusa a Comissão de não ter “chamado a prestar depoimento, tão somente, o Comandante Operacional Nacional”, que entretanto se demitiu, bem como outros “elementos absolutamente cruciais” naquele fogo.

Entre os vários pontos contestados, a Proteção Civil destaca que o atual comandante operacional nacional da Proteção Civil, Albino Tavares, ao contrário do que foi acusado, não terá ordenado cortes na “fita do tempo” do incêndio de Pedrógão Grande. E dão a sua versão do que aconteceu: que só colocaram os alertas validados para fazer da fita do tempo algo “realista” e nunca, como diz o relatório da CTI, por excesso de informação, facto facilmente verificável caso a audição tenha sido gravada”.

Recorde-se que o relatório da comissão independente era também bastante crítico e apontava responsabilidades a várias entidades nas falhas registadas no combate aos fogos.

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Entre “contradições” e “factos que não são verdade”, a Proteção Civil reforça ainda que na tarde de 17 de junho, dia em que se iniciaram os grandes fogos de Pedrógão Grande, “impossível ao Comando percecionar a evolução extrema do incêndio”, algo que, defende, também é assumido noutras partes do relatório da CTI. “A resposta inicial não foi lenta, nem rápida, mas a possível e aconselhável no momento em que a mesma foi desencadeada.”

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