Até 16 de outubro arderam 418 mil hectares em Portugal continental, de acordo com relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, divulgado esta sexta-feira.

O documento contempla já os grandes incêndios dos dias 15 e 16 de outubro que provocaram 45 mortos. Os dados apontam para que a aérea ardida nos primeiros 16 dias de outubro tenha praticamente duplicado a área queimada registada até ao final de setembro. Os números ainda provisórios indicam que ardeu naquele período, sobretudo em dois dias, cerca de 200 mil hectares, um valor que é superior à média anual de área queimada dos últimos dez anos.

Este levantamento provisório foi realizado a partir da base de dados do Sistema de Gestão de Incêndios Florestais (SGIF). Comparando com o histórico dos últimos dez anos, a área ardida aumentou mais de cinco vezes (407%) em relação à média anual deste período e é a mais elevada desde 2003, o pior ano de sempre — quando foram atingidos 425.657 hectares. Mas considerando as condições atmosféricas e o facto de o ano ainda não estar terminado, fontes do setor florestal consideram provável que o recorde da área ardida seja ultrapassado em 2017.

A maior parte da área ardida este ano em Portugal corresponde a povoamentos florestais que representam 248,5 mil hectares. Os maiores incêndio em área atingida começaram na Lousã e em Oliveira do Hospital, os dois com uma área ardida superior a 43 mil hectares. O incêndio que teve início na Lousã no dia 15 de outubro, e alastrou a outros concelhos como Arganil, atingiu uma área de 43.941 hectares, dos quais 37 mil eram floresta.

No fogo associado a Oliveira do Hospital arderam 43.191 hectares, dos quais 24 mil eram povoamentos florestais, apanhando os concelhos vizinhos de Santa Comba Dão, Tábua, Nelas, Tondela. Oliveira do Hospital foi o concelho onde houve mais vítimas mortais na sequência dos fogos de outubro — 12 mortos.

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Os dois concelhos onde tiveram início os incêndios de maior dimensão ficam no distrito de Coimbra que se destaca como tendo a maior área ardida este ano, mais de cem mil hectares.

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Seguem-se a Pampilhosa da Serra, com mais de 30 mil hectares — metade floresta — e Sertã- mais de 29 mil hectares (16.579 hectares de povoamentos florestais). Depois surge Pedrógão Grande, com mais de 27 mil hectares (20,5 mil eram floresta). A maioria destes grandes fogos aconteceu em Outubro, com a exceção de Pedrógão (junho) e Sertã (julho). Também entre 15 e 16 de outubro, há registo de mais dois grandes incêndios — em Quiaios (Figueira da Foz) onde arderam 16,6 mil hectares e em Alcobaça onde começou o fogo que destruiu o Pinhal de Leiria com 15.687 hectares de área ardida.

O balanço também é negro para as áreas protegidas, com mais de 37 mil hectares ardidos. Só o Parque Natural da Serra Estrela representa mais de metade desta área. Mas em termos relativos, os parques mais afetados foram Portas do Rodão, Serra da Gardunha e Serra do Açor, onde fica a mata da Margaraça que era reserva biogenética do Conselho da Europa e que ardeu toda (99%).

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Os números não são melhores nas matas nacionais, sob a gestão do Estado, onde a área ardida terá atingido mais de 55 mil hectares, o que corresponde a 10% do total que se encontra sob regime florestal. Há várias matas e e perímetros florestais onde a área ardida é superior a 70%, chegando mesmo a atingir 90% a 100% em alguns casos — Senhora da Abadia, Penoita, Alcongosta, São Pedro Dias e Alveito, Louriçal do Campo, Castelo Novo, Camarinho e a já referida Margaraça. Os números provisórios confirmam que 80% da Mata Nacional de Leiria foi destruída pelos fogos.

Corrigido com a referência ao incêndio que começou na Lousã.