Duas mulheres de Honolulu que planeavam viajar do Havai para o Taiti foram resgatadas após terem estado perdidas em alto mar com os seus cães durante cinco meses. Jennifer Appel e Tasha Fuiaba foram encontradas a 1.448 quilómetros a sudeste do Japão, bastante distantes da rota que estava programada para a viagem, que desde o começo correu mal.

Appel, Fuiaba e os seus cães partiram do Havai rumo à maior ilha da Polinésia Francesa a 5 de maio. No final do mês, devido a mau tempo, o motor avariou. Ambas acreditavam que poderiam chegar a Taiti usando apenas as velas. Mas o mastro também partiu. E o purificador de água também avariou.

Dois meses depois, numa altura em que já deviam ter chegado à ilha há bastante tempo, começaram a tentar comunicar com outras embarcações. Contudo, nunca havia nenhum barco perto e estavam demasiado longe de terra para o sinal ser detetado.

Seguiram-se mais de cinco meses perdidas em alto mar com os seus cães, nos quais a sua capacidade de desembaraço foi determinante para a sobrevivência. Levaram comida suficiente para um ano, maioritariamente cereais e massas, e conseguiram arranjar o purificador de água. Apesar de nunca terem sucesso, continuavam a tentar estabelecer contato com alguém todos os dias. Até que, terça-feira, dia 24 de outubro, uma embarcação taiwanesa de pesca as avistou.

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Segundo a marinha norte-americana, o barco contactou o posto de guarda costeira de Guam, que trabalhou com os centros de coordenação e resgate de Taipei, Japão e Honolulu para as salvar. No dia seguinte, quarta-feira, o navio USS Ashland dirigiu-se à embarcação. O momento da chegada foi captado em vídeo e partilhado na página de YouTube da marinha norte-americana.

“Eles salvaram a nossa vida. O orgulho e sorrisos que tínhamos quando vimos [a Marinha] no horizonte foi de puro alívio”, disse Jennifer Appel após o resgate, que entretanto já falou com vários meios de comunicação social havaianos.

Ao Honolulu Star-Advertiser, Appel revelou ter enviado sinais de SOS durante 98 dias seguidos, sem resposta, o que disse ter sido “muito deprimente e muito desesperante”, mas necessário, pois “é a única coisa que se pode fazer”. Para Appel, escreve o Hawaii News Now, a experiência mudou-lhe a vida pois “há uma verdadeira humildade em questionar se o dia de hoje é o teu último”.

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A Associated Press falou com a mãe de Jennifer, Joyce Appel, que disse nunca ter perdido esperança de que a sua filha seria encontrada. Esta quinta-feira, Joyce recebeu uma chamada que atendeu pensando que era alguém a tentar vender-lhe alguma coisa. Ouvir a voz da sua filha foi, contou à AP, “muito excitante”. “Ela disse ‘Mãe?’ e eu disse ‘Jennifer?!’, porque eu não ouvia dela há cinco meses”, revelou a mãe de Jennifer.

Joyce tinha ligado à marinha uma semana depois de ambas as mulheres terem deixado Honolulu, que, diz, “fizeram um esforço de busca e resgate”, mas sem sucesso. No entanto, a mãe de Jennifer disse saber que a filha é muito “desembaraçada” e “curiosa”, pelo que nunca deixou de acreditar. À chegada ao navio, Jennifer Appel, Tasha Fuiaba e ambos os cães receberam apoio médico, cama e comida. Segundo a marinha, vão permanecer no USS Ashland até que o navio faça uma paragem num porto.