O melhor predicado num jogo de xadrez é a paciência e foi isso que o FC Porto mais teve para conseguir arrancar uma vitória que teria de ser descrita como sofrida se o jogo só tivesse 75′ mas que acabou por ser confortável no final dos 90′ (com 3-0, Marega ainda teve uma bola no poste em período de descontos). O objetivo principal de ganhar o dérbi da Invicta com o Boavista foi conseguido; a consequência natural disso, que era subida à liderança da Primeira Liga, estava confirmada. Mas sobrou muito mais para contar.

Com mais três golos apontados numa jornada onde os principais rivais não foram além de triunfos pela margem mínima, o FC Porto conseguiu chegar aos 28 golos nas primeiras dez jornadas, um registo que os dragões não obtinham há mais de 60 anos (62, para sermos exatos) em termos de Campeonato.

E se é verdade que Brahimi teve mais uma exibição de sonho (Corona também fez um bom jogo, talvez até com uma maior disponibilidade para o jogo e para as ações defensivas do que nos últimos encontros), foi a dupla do costume que começou a abrir caminho para novo triunfo folgado. Aboubakarega é remédio santo para todos os males, com o condão de causar também os males dos outros. Juntos, os avançados já levam 16 golos.

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Aboubakar, a principal referência ofensiva da equipa desde o início da temporada, leva 13 golos em 14 jogos oficiais, oito em dez olhando apenas para a Liga: marcou em seis deles (ficou em branco com Estoril, Sp. Braga, Rio Ave e Sporting), incluindo um hat-trick frente ao Moreirense. Já Marega, que começou a época como suplente de Soares, também deixou a sua marca em seis das dez partidas que fez no Campeonato, mas com uma série atual de cinco jogos a marcar nos últimos seis (só não fez o gosto ao pé em Alvalade, onde até acertou no poste).

Com isso, o camaronês e o maliano estão no segundo lugar entre os melhores marcadores africanos na Europa (empatados com Bakambu), sendo apenas superados pelos dez golos por Aubameyang (B. Dortmund).

A veia goleadora contribui não só para a atual liderança da Primeira Liga mas também para outro registo histórico: é preciso recuar até 1939/40 para se encontrar um arranque de Campeonato mais forte do que o atual.