Certamente não batem leve, levemente, isso está garantido. Até porque vão chamar bem alto por todos os que este sábado, dia 28, forem ao Musicbox, em Lisboa, ver o primeiro concerto dos Bateu Matou, grupo de bateristas formado por Quim Albergaria, Ivo Costa e Rui Pité (mais conhecido como Riot).

“Isto foi uma ideia que surgiu pouco tempo depois de ouvir o último concerto dos Buraka. Pensei imediatamente que o fim desse projeto deixava um lugar por ocupar. O espírito de dança global deles era muito forte e fazia muito bem às pessoas.” conta ao Observador Albergaria, baterista do grupo PAUS e responsável por juntar estes rapazes.

Ora ao ver esta lacuna a nascer, a decisão imediata foi tentar criar um projeto novo, “não parecido com o que Buraka fazia”, mas que fosse capaz de “suscitar o mesmo tipo de sentimento no público que eles conseguiam motivar”. Na prática, portanto, nasceria algo “semelhante ao que os DJs fazem”, uma sonoridade que procura beber de influências musicais já estabelecidas (predominantemente africanas, neste caso específico), cruzá-las umas com as outras e dar-lhes uma vida nova. Os Bateu Matou são isto. São uma assumida “banda de baile”, como Albergaria explica, que não pretende fazer “hinos” ou “dar voz a gerações”. Querem proporcionar diversão e alegria sem ter qualquer tipo de compromissos fixos.

Por muito que o barbudo baterista confesse que há um certo “egoísmo” em tudo isto, dado que ele tenta sempre “tocar com músicos melhores” do que ele, para poder aprender com eles, a dinâmica de Bateu Matou é mais do que democrática.

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“O trabalho mais interessante aqui é o de juntar três linguagens muito diferentes”, explica. Riot traz o conhecimento — “ele sabe muito bem como se diferenciam ritmos como o semba ou a kizomba, por exemplo” — e o dedo de produtor. Ivo Costa, que tanto toca com Carminho como com Batida, o projeto de Pedro Coquenão, “é um baterista incrível” e “está muito habituado a tocar tanto o lado mais tradicional da música africana como as coisas mais contemporâneas”. Finalmente, Quim traz o lado rockeiro à fórmula, um “kick” de precussão mais aguerrido que por vezes até poderá resvalar para o lado “mais caribe”.

Mas o que raio quer dizer Bateu Matou? “Fácil”, explica o baterista. “É algo que vem da bazófia e confiança que estes ritmos trazem”, continua, antes de explicar que aqui o “matou” significa vencer, ultrapassar, impressionar: “É uma expressão que associaria facilmente ao ver o Ivo ou o Riot a tocar: os gajos batem e matam.”

Dada a promessa de festa, porque não ir ver o primeiro concerto deste grupo sedento por festa? Pode ser o início de algo novo. E não for, pelo menos será divertido. Muito divertido.

Os Bateu Matou tocam ao vivo na última noite do festival Jameson Urban Routes, no Musicbox, em Lisboa. Do cartaz fazem também parte Austra, Surma e o DJ Nigga Fox e Tapes. Mais info aqui.