O Brasil quer debater um sistema de pagamento para proprietários de terras que não destroem áreas de vegetação nativa na próxima reunião da ONU sobre o clima (COP23), que decorrerá entre 6 e 17 de novembro na Alemanha.

“Um posicionamento do Brasil nesta COP23 será justamente dar uma ênfase grande no pagamento dos serviços ambientais e na sua implantação para sinalizar que existem caminhos capazes de manter a floresta em pé e melhorar a qualidade de vida das pessoas”, anunciou esta segunda-feira o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Sarney Filho, em videoconferência de imprensa.

A minha perceção, andando pela Amazónia, é de que o comando e controlo [ações de fiscalização do desflorestamento] está chegando no seu limite. Se não começarmos a demonstrar que os serviços florestais serão justamente remunerados teremos sérios problemas”, completou.

O ministro não explicou exatamente a proposta que levará para a conferência da ONU, mas disse que o pagamento de serviços ambientais consiste em dar uma compensação financeira aos proprietários de terras que produzem sem destruir áreas de vegetação nativa.

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Sarney Filho também afirmou que diferentemente do que tem sido dito sobre o seu país, o Governo brasileiro tem aumentado os seus esforços para conter o desflorestamento, que caiu 16% entre agosto de 2016 e julho de 2017. “Tivemos um desmatamento neste ano de 6.624 quilómetros quadrados, queremos reduzir para baixo de 4.000 quilómetros quadrados em 2020 até chegar ao desmatamento zero em 2030. É uma meta ousada”, salientou.

O ministro lembrou ainda que a reunião do COP23 será muito importante porque é a primeira vez que uma reunião deste género se realizará após o Presidente Donald Trump ter anunciado a saída dos Estados Unidos do acordo de Paris.

Sarney Filho salientou que o Brasil “manterá a posição de apoio vigoroso” ao acordo [de Paris] cuja implantação considera “um processo irreversível e necessário”.

O Brasil assumiu em Paris uma meta ambiciosa. Foi o único país em desenvolvimento a adotar uma meta absoluta de redução de emissões [de gases que produzem o efeito estufa] aplicável ao conjunto da economia, visando reduzir em 37% até 2025 e já antecipando nossa intenção de chegar a 43% de redução das emissões em 2030″, concluiu Sarney Filho.