Primeiro foi José Eduardo Martins, que na última quinta-feira bateu com a porta do PSD Lisboa ao anunciar a suspensão do mandato de deputado municipal para o qual foi eleito nas últimas autárquicas, onde ia como cabeça de lista. Agora foi a vez do número dois, Carlos Barbosa, seguir-lhe as pisadas. Numa carta enviada aos membros da lista à Assembleia Municipal, noticiada pelo Diário de Notícias, o presidente do ACP explicou a saída com o facto de não se sentir confortável com os “golpes e contragolpes” a que estava a assistir no PSD Lisboa.

Em causa está o facto de o presidente da junta de freguesia da Estrela, Luís Newton, ter aparecido na última quinta-feira junto dos deputados municipais que se preparavam para eleger o líder da bancada com uma lista alternativa encabeçada por si. Segundo contou José Eduardo Martins quando explicou a suspensão do seu mandato, uma semana antes, dia 17 de outubro, tinha sido feita uma primeira reunião onde Martins se apresentou como candidato a líder da bancada — e não houve contestação.

José Eduardo Martins deixa Assembleia Municipal de Lisboa

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Agora, Carlos Barbosa diz que o “golpe” já estava a ser combinado nessa altura, e é por isso que sai. É que Luís Newton, assim como dois dos seus mais próximos, Vasco Morgado e Mafalda Cambeta, faltaram à tal reunião, aparecendo uma semana depois a apoiar Newton e a anunciar que aquela lista tinha o aval do presidente da distrital, Pedro Pinto. “Já tinha o golpe preparado e não o queria com lealdade desvendar aos outros? Ninguém levaria a mal que tivesse nessa reunião explicado as suas pretensões, quer por vontade própria, quer por ordens da distrital”, diz Carlos Barbosa na carta.

Ou seja, acusa Luís Newton de falta de lealdade. Assim sendo, e lembrando que foi convidado para integrar a lista por Mauro Xavier, na altura presidente da concelhia de Lisboa que entretanto também já saiu, e para dar um contributo na área da mobilidade, Carlos Barbosa diz que sai porque nenhum dos dois — José Eduardo Martins e Mauro Xavier — está já presente para fazer oposição a Fernando Medina na Assembleia Municipal. Na carta, citada pelo DN, Barbosa diz-se mesmo “desconfortável” num sítio onde “está tudo de avessas, uns contra os outros e a cada dia há uma nova teoria e posição”.

Ao Observador, o líder da distrital de Lisboa, Pedro Pinto, critica as saídas — que “não são sequer renúncias, são suspensões”. Pedro Pinto diz que não é verdade que José Eduardo Martins fosse o líder “natural” da bancada do PSD, por ter sido cabeça de lista à Assembleia Municipal. “Desde que me lembro, nos últimos 20 anos pelo menos, não foi o cabeça de lista à Assembleia Municipal que ficou a liderar a bancada”, diz. Além de que, argumenta, o PSD teve uma “derrota histórica em Lisboa”, ainda que quatro presidentes de junta, onde se inclui Luís Newton, tenham saído vencedores nas juntas por onde se candidatavam. Ou seja “uns são ganhadores, os outros são perdedores”, defende. Pedro Pinto.

Numa entrevista ao Observador, José Eduardo Martins explica o “golpezito do aparelho”, dizendo que “não se atraem as pessoas boas para os partidos com jogadas de aparelho”. “As pessoas veem estes golpes de aparelho e saem horrorizadas no próprio dia”, disse.

José Eduardo Martins. “Não se atraem pessoas para jogadas de aparelho”

*Artigo atualizado às 10h30 do dia 31 de outubro, com declarações do líder da distrital de Lisboa, Pedro Pinto