A Câmara de Oleiros vai isentar todos os munícipes das zonas atingidas pelo incêndio de dia 15 do pagamento da fatura da água de outubro, disse esta segunda-feira o presidente do município à agência Lusa.

“Vamos [câmara] isentar todos os munícipes das zonas afetadas pelo incêndio do pagamento da fatura da água de outubro”, explicou o presidente deste município do distrito de Castelo Branco.

Fernando Marques Jorge adiantou que vai escrever uma carta ao grupo Águas de Portugal a pedir que colaborem com o município de Oleiros na tomada desta medida.

“Vou escrever uma carta à Águas de Portugal, a pedir a sua solidariedade face a esta medida, porque a câmara municipal não consegue aguentar com tantos custos”, afirmou.

Sublinhou ainda que, neste momento, a maior preocupação da autarquia tem a ver com as chuvas e o arrasto das terras e das cinzas das encostas.

As pessoas vão vender toda esta biomassa, porque há quem compre. Mas se retirarem todas estas árvores e elas não ficarem atravessadas no sentido horizontal das encostas, vai haver arrastamento de terras, cinzas e águas que podiam ficar aqui alocadas. Já questionei o Governo sobre isto e ainda não tenho nenhuma resposta”, frisou.

O autarca adiantou que tem colocado esta questão em todas as reuniões que participou, mas, até ao momento, não obteve qualquer resposta para uma situação que considera prioritária.

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“É fundamental, não só para o futuro próximo de Oleiros, como para a própria poluição das águas do rio Zêzere, para a retenção das águas e das terras nas encostas e, até ao momento, não tenho conhecimento das medidas que o Governo quer tomar”, disse.

Fernando Marques Jorge entende que, neste momento, a situação passou a ser tão prioritária como tudo o que tem sido feito.

Isto era importante e, neste momento, já é uma urgência, porque parece que vem aí chuva. Se há derrocadas, isto é mau para toda a gente, para Lisboa, para o país, para toda a gente. Devia haver uma medida do Governo para saber qual é o critério que se deve utilizar para segurar terras e águas ao nível das encostas”, concluiu.

As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15, o pior dia de fogos do ano, segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.

Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 vítimas mortais e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.