Mais do que um corte com a tradição, o concurso para a eleição da Miss Peru 2017 foi um momento de sensibilização para a violência de género e contra menores no país. Logo no início do evento, quando se apresentavam ao público, as concorrentes — que deveriam referir-se às medidas do seu corpo — partilharam outros números: “As minhas medidas são os 2.202 casos de feminicídios [violência contra mulheres] registados nos últimos nove anos no meu país”, disse uma das concorrentes.

A ação não se ficou por aí. Noutro momento do concurso, transmitido este domingo, as concorrentes desfilaram em biquini tendo pelas costas, como pano de fundo da passerelle, imagens de recortes de jornais com notícias que ilustram os casos em que as mulheres são, muitas vezes, as vítimas mortais. “Proponho que seja criada uma base de dados com os dados de cada agressor, não apenas de feminicídio, para nos podermos proteger”, disse Romina Lozano, que acabaria por vencer o concurso.

O objetivo da iniciativa? Alertar para a violência contra a mulher, entre atos de violência física, psicológica, abuso sexual, exploração sexual e outras. A violência contra menores não foi esquecida.

A mensagem ganhou tal força que deu lugar a uma hashtag no twitter (#MisMedidasSon). Nessa noite, a palavra foi uma das mais produzidas na rede social, refere o espanhol El País, que também dá conta da cobertura do assunto feita por vários meios de comunicação locais no dia seguinte ao concurso.

Os dados oficiais do Ministério da Mulher e das Populações Vulneráveis registou, em 2016, 124 ataques a mulheres que acabaram com a morte das vítimas. Também houve 258 tentativas de assassinato.

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