Pelo menos quatro pessoas morreram na sequência do naufrágio de um barco que transportava até 45 refugiados da minoria rohingya procedentes da Birmânia, ocorrido no golfo de Bengala, informaram as autoridades do Bangladesh.

O barco voltou-se na manhã de terça-feira perto da praia de Inani no distrito de Cox’s Bazar, no Bangladesh. Os quatro corpos foram resgatados das águas, desconhecendo, contudo, quantas pessoas continuam desaparecidas. Segundo Mohammed Mikaruzzaman, administrador do governo local, 23 pessoas foram resgatadas com vida.

Mais de uma dezena encontra-se a receber assistência médica, detalhou o mesmo responsável citado pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP).

Mais de 600 mil rohingyas chegaram ao Bangladesh em fuga da violência na Birmânia desde 25 de agosto, dia em que a crise estalou, após um ataque de um grupo rebelde desta minoria muçulmana às instalações policiais e militares no estado ocidental de Rakhine, seguida de uma vasta ofensiva militar que ainda prossegue.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com a AP, cerca de 190 pessoas morreram em acidentes de barco enquanto tentavam fugir no golfo de Bengala ou em águas próximas. O Governo de Myanmar assegurou que a violência no oeste do país foi desencadeada por “terroristas rohingya”, mas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos classificou a operação militar como “limpeza étnica”.

Antes da campanha militar, os rohingyas que habitavam no estado de Rakhine eram estimados em um milhão.

A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos rohingya, os quais sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.

Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais, além de enfrentarem uma série de privações, nomeadamente de movimentos. Em paralelo, o recrudescimento do nacionalismo budista nos últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por vezes mortíferos.

Os rohingyas são uma minoria apátrida considerada pelas Nações Unidas como uma das mais perseguidas do planeta.