O secretário de Estado Adjunto e das Finanças afirmou esta terça-feira no Porto que a supervisão financeira “não tem sido tratada pelo poder político com a devida relevância”.

Ricardo Mourinho Félix falava na abertura da conferência “A reforma da supervisão financeira”, que decorreu na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Considerando que a supervisão financeira foi “negligenciada e afastada do debate durante períodos muito longos”, por não ser um “tema popular ou com visibilidade no debate político”, num vai e vem associado “a problemas com alguma instituição”, e que sai da agenda “quando esse problema específico aparenta estar solucionado ou, por vezes, resolvido com elevados custos para a sociedade”, o governante chamou a atenção para a especificidade do tema.

“Os momentos de elevada tensão financeira são precisamente aqueles em que é mais difícil discutir com a serenidade que o tema exige”, afirmou, numa alusão ao debate em torno do relatório do Grupo de Trabalho para a Reforma do Modelo de Supervisão Financeira.

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O secretário de Estado afirmou que o Governo “conduziu este processo de forma aberta e participada”, convidando várias personalidades dos mais diversos setores sociais e políticos “para apresentarem as suas reflexões”.

“A reforma da supervisão que o Governo está a promover surge num momento crucial: na saída de uma crise financeira que não vamos esquecer, e antes da chegada de outra que todos queremos evitar”, disse, lembrando que as “crises financeiras não surgem sem aviso”.

E acrescentou: “São grandes tempestades que, com o conhecimento e as ferramentas adequadas, é possível antecipar e, se não evitar, pelo menos mitigar os seus efeitos nefastos”.

Se o elevado nível de crédito malparado é ainda a marca da crise anterior, a que temos dado resposta, o acompanhamento da evolução do endividamento das famílias e empresas ao nível micro é essencial para evitar uma nova acumulação de riscos sistémicos”, alertou.