O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou esta quarta-feira que abrirá uma investigação aos líderes opositores que decidiram boicotar as eleições municipais de dezembro por não confiarem no Conselho Nacional Eleitoral. Saab explicou que o Ministério Público “está a preparar uma investigação formal contra vários cidadãos que fizeram este apelo público não só para ignorar as instituições de maneira sistemática e reiterada, mas também a encher este país de sangue através de um clima de violência”.

O procurador falava pouco depois de o dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no governo) Jorge Rodríguez ter pedido que fossem tomadas medidas contra os partidos da oposição que não participarão nas eleições municipais. Segundo Saab, os opositores que não concorram podem enfrentar acusações de “conspiração” e “instigação à desobediência”.

Partidos opositores como o Vontade Popular (VP), do político em prisão domiciliária Leopoldo López, e Primeiro Justiça (PJ), do candidato presidencial Henrique Capriles, que já foi candidato presidencial por duas vezes, afastaram a possibilidade de se apresentarem às eleições municipais, alegando que não existem as garantias mínimas para uma votação justa e livre. A aliança opositora que os dois partidos integram, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), denunciou várias irregularidades e casos de fraude nas eleições regionais ocorridas no passado dia 15 de outubro, em que o chavismo (no poder) obteve 18 dos 23 cargos de governadores, segundo os resultados oficiais que a oposição não reconhece.

Saab advertiu contra as “vozes afastadas, mas perigosas” da oposição que estariam a tentar reativar, com as suas críticas ao Conselho Nacional Eleitoral, os protestos nas ruas, que decorreram entre abril e agosto, com registos de confrontos quase diários com as forças da ordem e que causaram mais de 120 mortos.

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