As ações dos CTT – Correios de Portugal perderam cerca de um quarto do valor em dois dias. Depois da desvalorização de quase 22% na sessão de quarta-feira (apesar do feriado em Portugal, a Euronext Lisbon negociou), as ações abriram em alta ligeira mas já retomaram rota descendente e perdem mais 2% face ao fecho anterior. Os analistas do BPI cortaram a recomendação das ações, depois dos resultados trimestrais apresentados na terça-feira e deixaram de aconselhar a “compra” dos títulos — a recomendação passou para “underperform”.

Cerca de uma hora após a abertura da sessão, esta quinta-feira, os títulos dos CTT caíam mais 2%, depois da forte desvalorização da véspera. Estavam a negociar a 3,88 euros, o valor mais baixo desde que a empresa foi para a bolsa, em 2013.

Vista como uma ação cuja maior atratividade é o dividendo anual distribuído aos acionistas, a redução desse valor — de 48 para 38 cêntimos — foi recebida com previsível desagrado pelos investidores. O corte do dividendo baseou-se em expectativas mais cautelosas por parte da empresa, nas várias áreas de atividade.

As receitas dos CTT caíram 1% na comparação homóloga, com o negócio de correios a dececionar com uma descida de 7,2% no trimestre. A subida ligeira — 1,7% — dos preços médios cobrados pelos serviços não chegou, a julgar pela reação na bolsa, para compensar a forte queda das receitas.

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Em simultâneo, os custos operacionais da empresa subiram 8% no terceiro trimestre, um fator que levou os analistas do BPI, em nota difundida na quarta-feira, a considerarem que “as tendências seculares no negócio principal não estão a ser correspondidas com um ajustamento da estrutura de custos da rede dos CTT”.

As receitas ao nível do grupo estagnaram, praticamente, mas os custos operacionais consolidados foram revistos em alta em cerca de 4%, em média, o que significa uma perda de 20% no EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) até 2020 e uma descida de 29% nos lucros líquidos”.

O preço-alvo atribuído pelo BPI passou de 6,50 para 4,70 euros — a cotação na bolsa já está a afastar-se mesmo desse novo preço-alvo menos ambicioso. Além disso, os analistas do BPI passaram a atribuir um “risco médio” relativamente à sua própria avaliação das perspetivas para a empresa.

O que não ajuda é que, além das operações de correios, os CTT tenham também perdido a exclusividade (ao balcão) da venda de produtos de aforro do Estado.

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Os analista do CaixaBI, em nota difundida esta quinta-feira, dizem que esta é uma notícia com “impacto negativo”, já que se trata do “segmento de negócio dos CTT que apresenta maior resiliência em matéria de receitas e com margens EBITDA muito interessantes (acima de 50%)”. Sobre os resultados do último trimestre, o CaixaBI também considera que foi “um trimestre muito fraco” mas mantém, para já, a recomendação de “comprar”.