Uma equipa internacional de cientistas descobriu um “grande espaço vazio” escondidos por detrás das espessas paredes da Grande Pirâmide de Gizé. O buraco tem 30 metros de comprimento e tem um volume e altura semelhantes à da Grande Galeria, uma das maiores câmaras que existe dentro da pirâmide egípcia. Os cientistas, financiados pelo governo do Egipto, ainda não sabem qual era o propósito da câmara e sublinham que “há que considerar muitas hipóteses arquitetónicas”.

De acordo com um estudo publicado esta quinta-feira na revista científica Nature, esta descoberta foi possível graças a uma tomografia feita a partir dos raios cósmicos. Esses raios são compostos por partículas elementares altamente energéticas que atravessam o espaço em todas as direções a uma velocidade muito próxima à da luz. Quando essas partículas interagem com as camadas mais altas da atmosfera, milhões de partículas parecida ao eletrão entram para a Terra: são os muões. O que estes cientistas fizeram foi usar os muões para fazer uma espécie de radiografia à Grande Pirâmide de Gizé, desvendando uma câmara que nunca tinha sido visualizada pelos investigadores.

O projeto juntou cientistas japoneses da Universidade de Nagoya e franceses da Comissão de Energias Alternativas e Energia Atómica, que estiveram no Egipto a instalar detetores de muões na pirâmide em 2015. A experiência era simples: os muões iriam concentrar-se nas paredes da pirâmide, mas com maior densidade nos espaços vazios. Foi o que aconteceu: houve uma maior concentração de partículas nas câmaras que já eram conhecidas — Câmara da Rainha, Grande Galeria e Câmara do Rei. Mas a experiência também evidenciou um quarto “espaço vazio”, que corresponde a um buraco nunca antes visto.

Este espaço vazio — e outro, muito mais pequeno, encontrado em 2016 na mesma pirâmide — vai começar agora a ser explorado com recurso a robôs e a mais detetores de muões. Para isso vão ser contratados mais físicos, geólogos, arqueólogos e especialistas em inteligência artificial que terão a missão de perceber para que serviam estas novas câmaras ou se estão ligadas por corredores a outras já conhecidas.

Esta técnica não é nova. Nos anos 70, o físico norte-americano Luis Álvarez utilizou a mesma estratégia para explorar Pirâmide de Quéfren e descobriu que, no seu interior, não havia nenhuma câmara nova por encontrar. Mais tarde, os muões também foram usados para observar o interior de vulcões, da central nuclear de Fukushima, locais de exploração arqueológica em Itália e a Pirâmide do Sol no México.

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