O escritor angolano José Eduardo Agualusa defendeu este sábado, na cidade da Praia, que os Estados africanos de língua portuguesa deveriam, “na medida do possível”, subsidiar a edição para tornar os livros mais baratos e acessíveis.

“Nos nossos países africanos acho que o Estado deveria contribuir, na medida do possível, para tornar os livros mais baratos. Os Governos podem apoiar as editoras para subsidiar as edições”, sugeriu.

José Eduardo Agualusa falava à agência Lusa, na cidade da Praia, onde participa na primeira edição do Morabeza – Festa do Livro, festival literário que, até domingo, reúne cerca de 40 escritores lusófonos.

O escritor angolano reconheceu que os livros “são sempre caros”, mas considerou que se houver mais leitores e mais gente interessada no livro pode ajudar a que fique mais barato.

“Lembro-me do caso angolano, no tempo do partido único, nem tudo era mau, e uma das coisas que eram boas é que o Estado apoiava às edições e o livro era muito barato e vendia”, recordou o escritor angolano, vencedor este ano do prémio literário internacional de Dublin, pela tradução inglesa do romance “Teoria Geral do Esquecimento”.

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“O meu primeiro livro teve uma primeira edição em Angola de 15 mil exemplares, que é um valor muito elevado e na altura ninguém me conhecia. Mas o Pepetela, por exemplo, tinha edições de 100 mil exemplares e vendiam porque era muito barato”, exemplificou.

Dizendo que os países poderão procurar parcerias internacionais para subsidiar os livros, José Eduardo Agualusa considerou que outra coisa “superimportante” para tornar o livro mais barato e mais acessível é a aposta na criação de redes de bibliotecas.

Quanto ao festival literário que acontece pela primeira vez em Cabo Verde, Agualusa considerou que pode ajudar a criar e a formar leitores e, a longo prazo, criar novos escritores.

“Este tipo de evento tem enorme virtude de formar leitores. Assisti isso muito no Brasil, onde vou muito para festivais literários, e vi que este tipo de festivais realmente ajuda a criar leitores. Havendo muitos leitores, também é possível que comecem a surgir escritores porque não é possível haver escritores sem primeiro haver muitos eleitores”, afirmou.

Também afirmou à Lusa que o encontro é “interessante” para os escritores, porque ajuda a contactar com os leitores e a reencontrar amigos escritores e a conhecer outros escritores.

O festival literário Morabeza, que junta cerca de 40 escritores lusófonos, decorre até domingo na cidade da Praia, com um programa de conferências, conversas, lançamento de livros e uma feira do livro.

É uma organização do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, em parceria com a Biblioteca Nacional de Cabo Verde, e conta com o apoio da cooperação portuguesa e brasileira.