A detenção, este sábado, de 11 príncipes sauditas (incluindo o milionário Alwaleed bin Talal) pelo comité anti-corrupção liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman está agitar a Arábia Saudita. A operação levada a cabo na noite passada está a ser entendida como uma forma de consolidar o poder de Mohammed bin Salman, o principal conselheiro do rei Salman, chefe de Estado do país.

Como escreve o jornal norte-americano The New York Times, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman é uma das principais figuras do reino. Até há bem pouco tempo, bin Salman era uma personagem relativamente desconhecida, mas com a nomeação para ministro da Defesa pelo rei Salman, a quem deverá suceder, tornou-se extremamente poderoso no país, motivando muitas vozes de discórdia no interior da família real, que o acusa de acumular em si demasiados poderes.

Príncipe saudita Alwaleed bin Talal entre dezenas de detidos por corrupção

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O episódio mais recente foi precisamente a criação desta comissão real anti-corrupção. Para a liderar, o rei Salman escolheu o seu filho bin Salman, que aproveitou o cargo para levar a cabo uma operação de detenções em massa poucas horas depois da criação do referido comité. Além de 11 príncipes, foram detidos também quatro ministros e “dezenas” de antigos ministros, segundo os relatos da imprensa saudita.

A comissão é tão poderosa que tem inclusivamente a possibilidade de prender cidadãos sauditas, emitir proibições de viajar ou cativar os ativos de todos os que sejam considerados de corrupção.

Mas a consolidação do príncipe herdeiro não se ficou apenas por este comité: em simultâneo, o rei Salman anunciou a destituição do responsável da Guarda Nacional, do comandante da Armada e o ministro da Economia.

A ascensão de Mohammed bin Salman está a dividir a opinião pública. Se muitos o defendem pelas suas ideias para resolver os problemas económicos do país e para reduzir a sua dependência no petróleo, outros olham para o príncipe herdeiro como um jovem inexperiente com o único objetivo de conquistar mais poder.

No final de outubro, o príncipe foi notícia por vir a público defender o regresso do “Islão moderado” à Arábia Saudita. “O que aconteceu nos últimos 30 anos não é a Arábia Saudita. O que aconteceu na região nos últimos 30 anos não é o Médio Oriente”, disse, numa crítica direta aos últimos anos de governação do país.

Princípe herdeiro da Arábia Saudita quer regresso do “Islão moderado” ao país