A verdade é esta: as crónicas sobre o Benfica nos últimos meses são repetitivas. É sempre vira o disco e toca o mesmo. O mesmo é dizer que se a bola chegar a Jonas, é certinho que ele resolve o que outros tendem a complicar — seja a assistir ou a rematar para dentro da baliza. Foi o que aconteceu esta noite em Guimarães. E em quase todas as que a antecederam.

Desta feita, Rui Vitoria (que até tinha deixado Jonas no banco em Manchester, para a Champions) não colocou o brasileiro no apoio ao ponta-de-lança. Na ausência de um, era ele, Jonas, quem ocuparia o lugar. Ou melhor, “ocuparia” assim-assim. Não chegando a bola à área, tinha que recuar, recuar, recuar, às vezes até praticamente ao meio do relvado. Recebi-a, Jonas, e entregava-a depois em alguém. E avançava, avançava, avançava, até regressar à área.

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V. Guimarães-Benfica, 0-3

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Artur Soares Dias

V. Guimarães: Miguel Silva; Víctor Garcia, Jubal (Moreno, 70’), Marcos Valente e Konan; Celis, Rafael Miranda (Rafael Martins, 66’) e Francisco Ramos; Heldon (Rincón, 81’), Raphinha e Tallo

Suplentes não utilizados: Miguel Oliveira, João Aurélio, Wakaso e Sturgeon

Treinador: Pedro Martins

Benfica: Svilar; André Almeida, Rúben Dias, Luisão e Eliseu; Fejsa (Jiménez, 81’), Krovinovic e Pizzi (Samaris, 64’); Salvio, Diogo Gonçalves e Jonas ( Cervi, 85’)

Suplentes não utilizados: Varela, Jardel, Douglas e Seferovic

Treinador: Rui Vitória

Golos: Jonas (22’), Samaris (76’) e Salvio (79’)

Ação disciplinar: Cartão amarelo para Fejsa (49’), Svilar (57’), Luisão (69’) e André Almeida (93’)

A razão pela qual a bola não chegava a Jonas? É mais do que visível que Pizzi está em baixa de forma: erra demasiados passes fáceis, pouco ou nada pressiona o adversário, a bola que sempre fora sua “amiga” agora “queima” ao chegar-lhe às botas. E estando Pizzi ausente — mesmo que titular sobre um relvado onde se arrasta –, é preciso que alguém diga “presente”. Ninguém dizia. Até ao minuto vinte e dois.

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André Almeida sobe pela direita, tabela com Krovinovic (outra novidade no onze), a bola regressa a Almeida e este cruza, tenso e rasteiro, para a grande área. Lá dentro, e depois de ser mais veloz do que os centrais do Vitória a chegar ao cruzamento, Jonas desvia para dentro da baliza, batendo o desamparado Miguel Silva. O brasileiro “molha a sopa” há nove jornadas consecutivas. Mais: nos últimos vinte e três jogos que disputou no campeonato, tem a respeitosa média de um golo por partida no Benfica.

Sim, quando o Benfica está (como tem estado nos últimos meses) mal e parcamente quanto a exibições, com Jonas e golos se enganam os tolos.

Quanto à partida no estádio D. Afonso Henriques, e tirando o golo de Jonas, pouco ou nada (com perigo, nadinha de nada) se rematou à baliza na primeira parte. O jogo é divido e jogado sobretudo a meio-campo. A pressão era intensa e, também por isso, houve demasiadas faltas. E a “menina” não rolava. Ou rolava mal. Fejsa e… Svilar foram os únicos a não falhar qualquer passe. E não rolando, o Benfica tentou chegar ao segundo numa jogada ensaiada. Aos trinta e quatro minutos, canto à esquerda, bateu-o Pizzi, todos esperam que batesse para a grande área, mas Pizzi bateria para a entrada desta, curto e rasteiro. A jogada era de “laboratório” e Diogo Gonçalves estava pronto para rematar de primeira. E rematou. Mas o remate saiu ao lado (pouco ao lado) do poste direito do Vitória.

Após o intervalo o Vitória perdeu a “vergonha”. E o Benfica, visivelmente desgastado pelo jogo a meio da semana em Manchester, foi recuando e permitindo que os da casa procurassem o empate. Aos sessenta e três minutos, Heldon recebeu à esquerda um cruzamento longo de Raphinha, voltou-se para a baliza, ajeitou a bola e rematou, à entrada da área, na direção do canto superior direito. O belga Svilar não chegaria lá. Mas o remate saiu pouco por cima.

Pizzi sairia no minuto seguinte, esgotado. Entrou Samaris para segurar o meio-campo. Mas o grego conseguiu bem mais do que isso. Aos setenta e seis minutos, Jonas serve-lhe de tabela entrega a bola a Samaris. E o grego correu. Correu, correu, correu. Deixou a defesa do Vitória para trás, aguentou empurrões, agarrões e, à saída de Miguel Silva da baliza, rematou para o segundo do Benfica. Há longos dezanove meses que Samaris não marcava um golo.

Pouco depois, apenas três minutos depois, Diogo Gonçalves desmarca Salvio nas costas de Moreno. E dos pés do argentino sairia uma “chapelada” a Miguel Silva. A vantagem tão volumosa do Benfica era exagerada, sim. E Rafael Martins logo tratou de a encurtar. O minuto era o oitenta e seis. A defesa do Benfica tardava em tirar a bola de perto da grande área. E o Vitória pressionava. Queria-a. Tanto pressionou que teve mesmo e esta chegaria a Rafael Martins. O ponta-de-lança, à entrada da área, rodou e remataria de pé esquerdo, batendo Svilar.

Era tudo? Não. No último de quatro minutos de tempo extra, o Vitória cruzou uma bola longa para o interior da área e André Almeida agarrou Rafael Martins. Penálti a favor do Vitória! Certamente não se jogaria mais nenhum minuto a seguir. Mas o resultado seria mais ajustado ao que em Guimarães se viu. Junior Tallo avançou para a bola, rematou a meias entre o couro desta e um tufo de relvado, saindo o remate muuuuuito por cima da barra. O Vitória desperdiçava.

E o Benfica venceu pela primeira vez esta temporada dois jogos consecutivos fora da Luz no campeonato.