O Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) vai celebrar uma aliança de maioria parlamentar com outros dois partidos mais pequenos, anunciou hoje aquela força, num momento em que o executivo atual viu o seu programa de governo rejeitado.

Hoje, em comunicado, a Conferência Nacional do CNRT autorizou a Comissão Política Nacional, liderada por Xanana Gusmão, a “negociar, celebrar e assinar um acordo político para a formação de uma aliança de maioria parlamentar que respeite os princípios políticos que constam da plataforma política” já celebrada com o Partido de Libertação Popular (PLP, terceira força mais votada, com oito deputados eleitos) e o partido Kmanek Haburas Unidade Nasional Timor Oan (KHUNTO, quinto mais votado com cinco eleitos).

Este acordo garante uma maioria absoluta de 36 deputados no parlamento nacional e deverá permitir a viabilização de um novo governo, que sucede ao executivo minoritário liderado por Mari Alkatirir, da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), partido de que faz parte o Presidente da República, Francisco Lu-Olo.

No comunicado hoje do CNRT, a Conferência Nacional decidiu restituir a Xanana Gusmão “a plenitude dos seus poderes políticos e estatutários para que continue a liderar o partido”, revogando uma decisão de afastamento de 07 de agosto, dias depois das eleições legislativas de 22 de julho que deram a vitória à Fretilin.

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Segundo o CNRT, o partido pretendeu em agosto “assumir a responsabilidade de liderar uma oposição construtiva” e, por isso, “declinou todos os convites que lhe foram dirigidos no sentido de aceitar integrar o VII governo constitucional”.

No entanto, como a Fretilin “não logrou assegurar a formação de um executivo forte, capaz de contar com o apoio da maioria dos deputados do parlamento nacional”, o CNRT diz-se preparado para o governo.

A estabilidade no país só poderá ser alcançada através da “formação de uma plataforma política forte, que agregue e mobilize as forças políticas que compreendem a maioria dos mandatos ao Parlamento Nacional”, defende a direção do partido, dando o exemplo do “acordo celebrado pelas bancadas parlamentares do CNRT, do PLP e do KHUNTO para o estabelecimento de uma plataforma política comum, capaz de assegurar uma linha de orientação política responsável e construtiva para a defesa do interesse nacional”.

Esta decisão deverá implicar a queda do governo de Mari Alkatiri e será a segunda vez que a Fretilin não consegue condições de governo no país depois de ter vencido eleições legislativas.