Os advogados de José Sócrates dizem, através de um comunicado, ser “falsa e infundada” a notícia publicada esta segunda-feira no jornal i sobre a verdadeira autoria do terceiro livro de José Sócrates. A justificação apresentada é que Sócrates “há cerca de ano meio não tem contacto” com Domingos Farinho,o professor da Faculdade de Direito de Lisboa que o Ministério Público sustenta ser o verdadeiro autor de toda as obras publicadas por José Sócrates.

A notícia do jornal i não faz, no entanto, referência a um contacto recente entre José Sócrates e Domingos Farinho, para a produção do mais recente (e terceiro) livro de José Sócrates, “O Mal que Deploramos – O Drone, o Terror e os Assassinatos-Alvo”. O contacto a que o jornal se refere, com base nos autos da Operação Marquês, vem já de novembro de 2013, um mês depois do lançamento do primeiro livro de Sócrates, “A confiança no Mundo”. Nessa altura, um colaborador de Sócrates terá feito um contrato de “prestação de serviços de apoio e assessoria na área jurídica, nomeadamente assegurando o apoio jurídico ao desenvolvimento empresarial”, o mesmo tipo de contrato que o Ministério Público acredita ter sido estabelecido para o primeiro livro.

Quem é o alegado escritor-fantasma de José Sócrates?

No inquérito de que foi alvo, o académico argumentou que este segundo contrato se destinava a ajudar Sócrates a escrever uma tese de doutoramento, mas isso nunca chegou a acontecer, ainda que os pagamentos a Domingos Farinho se tenham mantido. Aliás, há registo de conversas entre Sócrates e Farinho ao longo de 2014 e, logo em janeiro desse ano, o ex-primeiro-ministro tinha dado indicações sobre o que pretendia investigar com o auxílio do seu professor: “Estou farto da tortura [tema sobre o qual se debruçava no seu primeiro livro, “A Confiança no Mundo”]. Lembrei-me de fazer sobre a guerra contra o terror como exceção democrática, o desafio da tortura, o desafio dos drones e o desafio da espionagem eletrónica. São três áreas que podíamos estudar, para já.”

Depois disso, o contacto foi sempre mantido, com Sócrates a chegar mesmo a sugerir que os dois fizesse um “retiro de dois ou três meses” para trabalhar o tema. O encontro não chegou a acontecer, mas meses depois, Sócrates voltou a querer saber como “coisas estão a andar”, cita o jornal. A resposta do professor foi clara: “Estou a escrever a introdução, que conto ter pronta no final do mês. Podes ficar descansado”. O tema do livro que Sócrates publica agora coincide com o que estava em investigação nesta parceria naquela fase.

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