Para um indivíduo normal, deslocar-se de moto exige apenas alguma habilidade e noção de equilíbrio. Mas para ser um piloto de primeira linha no Moto GP, a categoria rainha de competição em duas rodas, é necessário ser um verdadeiro mago, capaz de rodar nos limites, e às vezes para além deles, sem cair. Ou, pelo menos, caindo o menos possível, porque um piloto de moto que não vá ao chão volta e meia é algo que ainda se está para ver.

Num automóvel de competição, o piloto tem de ter um controlo total sobre o veículo, descrevendo as trajectórias ideais em curva para lhe permitir acelerar o mais cedo possível, para depois, idealmente, travar mais tarde do que os adversários. Já os pilotos das motos têm de fazer isto tudo, mas ainda deslocar constantemente o peso do corpo de um lado para o outro, para maximizar a capacidade de travar e curvar do veículo. É um trabalho redobrado, que obriga a uma dança constante em cima de um máquina que supera os 200 km/h em qualquer recta pequena e que passa pelos 300 km/h na maior parte dos circuitos.

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Vem isto a propósito do Motobot, um robô que a Yamaha apresentou em 2015, anunciando que, a prazo, não só seria capaz de conduzir uma moto, como estaria mesmo apto a bater-se com um piloto profissional. E, passados três anos de desenvolvimento, eis que o Motobot começa a mostrar-se pronto para o tão esperado confronto homem versus máquina. Só que, para azar desta, o homem em causa é Valentino Rossi, que já conquistou nove títulos de campeão do mundo – sete dos quais em Moto GP – e que, aludindo aos seus 38 anos, afirma sobre si próprio que “Gallina vecchia fa buon brodo” (“galinha velha faz uma boa canja”), como que a garantir que, apesar da idade, ainda está ali para a curvas.

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O Motobot é um robô humanóide dotado de inteligência artificial, o que lhe permite aprender e evoluir à medida que vai sendo exposto a experiências. É óbvio que o robô da Yamaha vai permitir à marca japonesa construir, mais cedo ou mais tarde, um veículo de duas rodas que se conduza a si próprio, sem intervenção dos humanos que transporta, oferecendo uma versão da condução autónoma, mas em moto. E a evolução registada tem sido mais que evidente, pois se em 2015 foi apenas capaz de atingir 100 km/h em recta, descrevendo algumas curvas e realizando uma prova de slalom, agora, passados dois anos, já supera 200 km/h e consegue dar uma volta a um ritmo rápido num circuito que lhe tenha sido programado.

Face à evolução registada pelo Motobot, a Yamaha desafiou Rossi a comparar-se com o robô, numa volta ao circuito de Thunderhill Raceway, próximo de Sacramento, na Califórnia. E o autómato revelou desde logo o seu jogo, afirmando: “Eu sou o Motobot e fui criado para ser mais rápido do você”.

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Num traçado com apenas 3,2 km, cheio de curvas rápidas e lentas, muitas delas com raios variáveis, o que só complica a descoberta da trajectória ideal, homem e máquina tinham à disposição duas Yamaha YZF-R1M, com motor atmosférico de quatro cilindros e 998 cc, capaz de fornecer 200 cv e passar facilmente dos 300 km/h. E ambas as motos estavam equipadas com caixa e travões de série, ou seja, tanto o piloto como o robô tinham de rodar o punho da direita para acelerar, pressionar a manete desse lado para operar o travão da frente e a do outro lado para accionar a embraiagem, tendo ainda que com o pé esquerdo seleccionar as mudanças e com o direito o travão traseiro.

Depois de satisfazer a sua curiosidade em relação ao Motobot, tentando conhecer os seus limites e o seu potencial, Rossi montou-se na sua R1M e cumpriu uma volta em 1 minuto, 25 segundos e 740 milésimos. Depois foi a vez do Motobot, que registou 1.57,504. É uma diferença grande (quase 32 segundos), mas se isto significa que o robô ainda está longe de um campeão do mundo, está já mais rápido do que a maioria dos condutores de motos deste tipo, que certamente perderiam mais do que 32 segundos numa volta para a gallina vecchia.

O Motobot foi vencido, mas não ficou convencido, pelo que promete ficar mais próximo de Valentino Rossi da próxima vez que se enfrentarem. Até lá, veja como tudo aconteceu:

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