Apenas uma das quatro torres de arrefecimento do Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, onde houve um surto de ‘legionella’, se mantém em funcionamento, tendo sido encerradas as outras três.

Em declarações à agência Lusa, o presidente dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), Paulo Correia de Sousa, explicou que desde sexta-feira que as equipas destes serviços estão no S. Francisco Xavier a debelar a fonte que julgam ser a origem do surto.

“Desde sexta-feira que nos mantemos no hospital a debelar a fonte [do problema], que julgamos ter encontrado, mas as análises têm o seu tempo de cultura e esperamos comprovar isso nos 10 dias de cada análise”, disse à Lusa o responsável.

Na sexta-feira, quando houve o alerta de três situações, “encerrámos os equipamentos potencialmente geradores de aerossóis, emissores de gotículas, sem desativar o hospital”, disse Pedro Correia de Sousa, explicando que das quatro torres de arrefecimento do hospital foram encerradas três (que ainda se mantêm desligadas) e a outra foi “tratada”, mas, como o bom funcionamento da unidade hospitalar depende dela, ficou a trabalhar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“As medidas curativas de choque recomendadas são químicas e térmicas e isso fizemos na sexta-feira e sábado durante todo o dia a estas instalações que têm de ficar a trabalhar, assim como a toda a rede de águas”, explicou o responsável dos SUCH, sublinhando que ainda hoje três torres estão desligadas porque não são essenciais para o hospital funcionar, uma vez que trabalham com equipamento de produção de energia.

“Estamos à espera dos resultados das análises feitas antes dos choques térmicos e químicos e depois (na sexta-feira, sábado e segunda-feira). Aliás, eles estão a ser alargados a outras unidades do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental [CHLO] de forma cautelar”, acrescentou.

Hoje, nos outros hospitais do centro hospitalar – o Egas Moniz e o Santa Cruz – estão equipas dos SUCH a monitorizar pontos e a recolher amostras para análise, “de forma a dar tranquilidade de segurança a quem lá trabalha e a quem precisa de lá ir”, afirmou.

“A nossa segurança é que, se a fonte emissora era nas instalações do hospital, temos a fortíssima garantia de que isolámos o problema a partir de sexta-feira para a frente”, disse o responsável, acrescentando: “Enquanto não tivermos a certeza da fonte emissora não podemos garantir mais do que isto”.

“Nas instalações do hospital, se a fonte estava ali ela foi debelada, e a maior probabilidade é que estivesse ali”, sublinhou.

Este surto de ‘legionella’, que de acordo com as informações conhecidas até esta terça-feira de manhã, infetou 30 pessoas, já provocou a morte de duas delas.

Legionella. Que doença é esta que já fez dois mortos?

Segundo informaram na segunda-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), até às 20:00 de segunda-feira tinham sido diagnosticados “30 casos de Doença dos Legionários com possível ligação epidemiológica ao CHLO – Hospital de São Francisco Xavier”, mais um caso do que o anterior balanço.

Destes 30, dois morreram, um teve alta e os restantes encontram-se internados.

“Os doentes são, na sua maioria, idosos com fatores de risco associados, nomeadamente doenças crónicas graves e hábitos tabágicos”, indica o comunicado assinado pela diretora da DGS, Graça Freitas, e pelo presidente do INSA Ricardo Jorge, Fernando Almeida.

A ‘legionella’ é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma pneumonia grave. A infeção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada.

Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.