O ministro da Defesa revelou que o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lhe deu conta esta quarta-feira, em Bruxelas, do seu “contentamento” por o material militar furtado dos Paióis de Tancos ter sido recuperado. José Azeredo Lopes assegura que Stoltenberg terá dito que “as instituições funcionaram e que foi restabelecida a segurança”.

Recorde-se que o material militar furtado foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar após uma denúncia anónima sobre a local exato onde estava o armamento. O facto de ter sido localizado muito perto da Base Militar de Tancos, indicia que terá sido devolvido em condições que ainda não foram totalmente esclarecidas pela Polícia Judiciária — o órgão de polícia criminal que coadjuva o Departamento Central de Investigação e Ação Penal na investigação que está a decorrer.

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Em declarações aos jornalistas à margem de uma reunião de ministros da Defesa da NATO que decorre entre quarta e quinta-feira em Bruxelas, Azeredo Lopes, questionado sobre se o assunto tinha sido abordado pelos seus homólogos, comentou que, “por estranho que possa parecer, ao contrário do impacto mediático que a questão tem em Portugal, não é com certeza um tópico que esteja na agenda principal ou até secundária da organização ou dos seus membros”, afirmou.

Mas de facto, e isso é sempre agradável verificar, ainda há pouco, no fim da reunião, o secretário-geral veio falar comigo e especificamente dizer do contentamento dele por algo que não é muito comum, que é justamente, perante um roubo ou um furto grave de material militar, ter sido possível recuperá-lo”, indicou.

De acordo com o ministro, “é esse aspeto que ele (Stoltenberg) sobretudo destaca: que as instituições funcionaram e que foi restabelecida a segurança”, no sentido em que tudo foi feito “para que não houvesse consequências que pudessem resultar desse furto”.

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“É sempre importante verificar que, desse ponto de vista, foi restabelecida a dimensão de segurança, que é sempre posta em causa, evidentemente, qualquer que seja o furto de material militar”, reforçou.

Sobre as investigações em curso, sublinhou que a criminal, da qual tem “tanto conhecimento” quanto os jornalistas, “e é assim que deve ser feito num Estado de direito”, já “permitiu recuperar o material que tinha sido furtado”, pelo que “é injusto dizer que a investigação não dá passos; já deu um passo muito importante, faltando evidentemente agora determinar quem foram os responsáveis”.

Quanto à segunda vertente da investigação, a cabo do Exército, e designadamente ao nível dos “processos disciplinares que foram instaurados a vários militares”, disse ter a convicção de que “dentro de algumas semanas” o processo poderá ser finalmente concluído.

“Num processo disciplinar nós estamos a falar de algo que é instaurado numa democracia e num Estado de Direito, com prazos, com contraditório, com direitos de defesa que serão plenamente garantidos. Portanto, só no fim, por muito que nos incomode a falta de celeridade, só no fim desses prazos é que com certeza o Exército dará por concluído esses processos, não antes e não depois. Mas a informação de que disponho é que algures nas próximas semanas esse processo estará enfim concluído”, declarou.

Em junho, o Exército revelou a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois ‘paiolins’, tendo desaparecido granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros.

Entre o material de guerra furtado dos Paióis Nacionais de Tancos estavam “granadas foguete anticarro”, granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, segundo a informação divulgada pelo Exército.

No mês passado, a Polícia Judiciária Militar anunciou que tinha recuperado, na região da Chamusca, a 21 quilómetros da base militar de Tancos, o material de guerra furtado, em colaboração com o núcleo de investigação criminal da Guarda Nacional Republicana de Loulé.