Os concursos para apoio sustentado às artes incluem um montante de 2,3 milhões de euros para atribuição em função do mérito, disse esta quarta-feira à agência Lusa fonte do gabinete do secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado.

Na terça-feira, no debate parlamentar na especialidade do Orçamento do Estado para a Cultura, Miguel Honrado foi questionado pelos deputados sobre as verbas disponíveis para apoios às artes nas várias regiões do país.

O governante afirmou, na altura, que existem projetos que nunca foram financiados pela Direção-Geral das Artes – entidade responsável pela organização dos concursos – e avançou que existe um valor remanescente para “projetos novos que possam aparecer”.

Em resposta a perguntas enviadas pela Lusa, via correio eletrónico, a pedir esclarecimentos sobre as verbas disponíveis, o gabinete do secretário de Estado respondeu que, “nos concursos para apoio sustentado a decorrer, do montante global 15 milhões de euros, existe um montante de 2,3 milhões de euros que não está previamente atribuído a qualquer região em especial, e que será, dentro de cada concurso, atribuído em função do mérito”.

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No quadro do novo modelo de apoios às artes aprovado este ano, abriram em outubro os concursos para apoios sustentados, que se destinam a financiar “entidades e agentes culturais de todo o país, nas áreas das artes visuais, performativas e cruzamentos disciplinares, que desenvolvam atividade e programação cultural continuada, a dois e a quatro anos”.

Sobre a distribuição de verbas para apoios às artes por regiões, a tutela aponta que houve “uma alteração de paradigma”, em relação ao modelo que vigorava até agora.

“No anterior modelo de apoio às artes, o valor era nacional, mas, ao abrir os concursos, existia uma verba máxima definida por cada região, condicionando o crescimento de projetos existentes e o desenvolvimento de novos projetos”, refere, na mesma resposta.

No novo modelo, “existe o contrário, ou seja, é apenas definida uma verba mínima atribuída a cada região, verba essa contabilizada também a partir dos apoios concedidos nos ciclos anteriores”.

De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, “esta decisão foi tomada de modo a garantir que todas as regiões tenham ou venham a ter projetos artísticos em todas as áreas artísticas”. “No entanto, a verba mínima definida por área artística e por região, prevê o investimento apenas de uma parte do orçamento global, já que a restante verba será distribuída a nível nacional, por mérito do projeto, independentemente da região”.

“Esta medida, permite, por um lado, que mais entidades a nível nacional possam ter a mesma oportunidade de acesso ao sistema de apoios às artes e não sejam meramente limitadas por tetos máximos por cada região. Por outro, não restringe que em cada região não possam surgir novos projetos ou que projetos existentes possam ambicionar a um crescimento sustentado”, acrescenta.

No quadro do OE para 2018, o valor inscrito na proposta de orçamento de apoio às artes é de 17,6 milhões de euros para os três novos modelos de financiamento: o sustentado, o de projetos e o apoio em parceria.

Os concursos do apoio sustentado, que Miguel Honrado considera ser “o programa mais estruturante do apoio às artes”, foram os primeiros a abrir.

A despesa do Ministério da Cultura financiada por receitas gerais, que abrange a DGArtes, tem garantidos 118 milhões de euros, em 2018, mais 7% do que os valores de 2017 (109 milhões).

As receitas gerais, compostas por transferências do Estado, sobretudo dos impostos, sustentam a despesa dos serviços integrados da Cultura, que incluem cerca de uma dezena de organismos, e comparticipam despesas de outra dezena de serviços e fundos autónomos (com receitas próprias).