Uma “proposta clara” que permitirá “restabelecer a democracia, a liberdade e construir e fazer a República“. Foi assim que Marta Rovira, secretária-geral do partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), anunciou a candidatura do partido às eleições de 21 de dezembro.

A ERC decide assim não ceder ao apelo do partido de Carles Puigdemont (PDeCat), que defendia uma lista conjunta de todas as forças independentistas, e segue sozinha para a disputa eleitoral. Por outro lado, o partido confirma igualmente que não irá a eleições numa “frente de esquerda” com a Candidatura de Unidade Popular (CUP), partido de extrema-esquerda independentista, como tinha sido falado. Contudo, Rovira confirmou que o partido garantirá a “total coordenação e cooperação” com outras listas independentistas, como refere o El Periódico.

O partido independentista de esquerda divulgou ainda alguns dos nomes que farão parte da sua lista, onde se incluem vários membros do governo catalão entretanto demitidos, como Oriol Junqueras — antigo vice-presidente da Generalitat que está atualmente detido –, que será cabeça-de-lista por Barcelona. Outros dos nomes divulgados são o ex-ministro da Justiça, Carles Mundó, e o da Saúde, Toni Comín. Não é claro se a presidente do Parlamento, Carme Forcadell, faz parte das listas.

Ex-ministros podem sair em liberdade se mostrarem “arrependimento”

É possível, contudo, que Junqueras e outros ex-membros do governo catalão sejam entretanto libertados, como explica o jornal catalão La Vanguardia. Isto porque a Procuradoria-Geral anunciou que não vai recorrer da decisão do juiz Pablo Llarena de permitir a libertação de Forcadell mediante pagamento de fiança.

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“Ao não recorrer”, explica o jornal, “assume o argumentos do juiz de instrução, que aceitou o ‘arrependimento’ dos investigados”. Recorde-se que Forcadell disse perante o juiz que a declaração unilateral de independência tinha sido meramente “simbólica”.

Isto significa que a Procuradoria pode assim assumir o critério do Supremo, caso os ex-ministros revelem arrependimento — algo que não aconteceu até agora. No entanto, alguns dos advogados dos detidos estão a analisar essa possibilidade, nomeadamente os defensores dos ex-ministros pertencentes ao PDeCat. Já os advogados de Junqueras e outros políticos da ERC limitaram-se, para já, a pedir ao juiz Llarena (do Tribunal Supremo da Catalunha) que se pronuncie publicamente para evitar uma possível “disparidade de critérios” relativamente aos que venham a ser tomados pela juiza da Audiência Nacional, que está a instruir esta outra investigação paralela sobre os ex-membros do governo catalão.