Os líderes dos dois partidos da oposição na Guiné Equatorial acusaram este domingo o Governo e a junta eleitoral de terem promovido várias irregularidades e ameaçado diretamente os opositores.

“Somos ovelhas que o Presidente [Teodoro Obiang] quer levar ao matadouro. Tenho medo do dia de amanhã”, disse Gabriel Obono, líder do Cidadãos para a Inovação (CI), que foi visado hoje nas declarações públicas do presidente da República, teodoro Obiang.

O Presidente da Guiné Equatorial apresentou-se hoje como um “líder democrático”, instantes após ter votado nas eleições legislativas e autárquicas, e pediu a punição da “violência” praticada alegadamente pelos opositores do partido “Cidadãos para a Inovação”.

No comício de encerramento da campanha do Partido Democrático da Guiné Equatorial, a oposição foi acusada de fazer uma “política de agressão”, por contraponto ao partido no poder, que “sempre teve uma atitude serena e cultura democrática”.

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“Estou à espera de ser preso e que nos matem a todos aqui no partido, porque aqui não há Estado de Direito”, acrescentou o dirigente da oposição, acusando Obiang de estar a tentar promover a passagem de poder para o seu filho.

Segundo Gabriel Obono, “90% dos representantes do partido CI foram impedidos de estar na mesa de voto” e foram “substituídos por amigos do regime que usdaram credenciais falsas”.

“A junta eleitoral deu-nos um mapa das mesas de voto errado, propositadamente errado para que os lugares fossem ocupados por outros”, disse Gabriel Obono, líder de um partido recém-legalizado e cujos militantes tiveram confrontos com forças policiais durante a campanha eleitoral.

Andrés Esono Ondo, um dos dirigentes da coligação Juntos Podemos, criticou a falta de independência da junta eleitoral, que “não informou onde estavam as mesas de voto”.

Na Guiné Equatorial é dado um boletim por cada partido aos eleitores, que depois colocam o escolhido num envelope que entregam na mesa de voto, colocando os outros no lixo.

“Os papéis do meu partido não foram colocados em muitas mesas de voto em Malabo e Vata [as duas principais cidades do país] e mesmo assim a votação continuou”, impedindo “os nossos apoiantes de votarem em nós”.

“Isto é outra vez uma fraude, os resultados são o que eles querem, mas desta vez fomos surpreendidos porque nem sequer colocaram os nossos papéis nas mesas de voto”, acrescentou.