O ousadíssimo Rei Salman, líder da Arábia Saudita, pôs finalmente na gaveta a proibição que impedia as mulheres de conduzirem um automóvel. Se não fosse no mínimo raro impedir cidadãs de guiar num determinado país, qualquer que seja – nem na Coreia do Norte isso acontece –, a surpreendente decisão até podia ser isso mesmo: surpreendente.

Mas se as mulheres sauditas passaram a estar ao mesmo nível dos homens no que à condução diz respeito, a verdade é que também passaram a estar ao nível do sexo oposto no que toca a serem alvo do marketing das marcas mais poderosas. Ou criativas.

De início, foram os próprios construtores de automóveis a perseguir as novas potenciais clientes, ansiosos de incentivá-las a escolher os seus veículos. Mas rapidamente a coisa evoluiu, com todas as marcas, dos mais diferentes sectores, a assediar as sauditas.

As sauditas vão guiar e as marcas (já) não as largam. Sempre são 9 milhões

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O mais recente exemplo chega-nos pela mão da Coca-Cola, que pretende celebrar a liberdade que gozam as mulheres sauditas (a sério?). O anúncio da multinacional americana conta uma história em que um pai local ensina a sua filha a conduzir, num velho Mercedes W123, produzido entre 1976 e 1986, muito provavelmente um 300D.

Para começar, é notável que a marca de refrigerantes tenha conseguido descobrir uma família com um 300D, isto num país com um PIB per capita de 55 mil dólares, o que coloca este país árabe “apenas” na 12ª posição entre os mais ricos. Se procura um termo de comparação, sempre lhe podemos dizer que Portugal está na 40ª posição, com 30 mil dólares, a Espanha é 31ª primeira com 38 mil dólares e até a Alemanha é 18ª, com 50 mil dólares. Mas o melhor mesmo é ver o anúncio:

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