Seis polícias e dois militares da guarda nacional francesa suicidaram-se na semana passada. Desde o início do ano contam-se 44 polícias e 17 militares que cometeram suicídio.

O caso está a preocupar o governo francês. O Ministério do Interior quer reforçar as medidas de prevenção e pediu aos diretores gerais das forças de segurança para apresentarem a “avaliação das medidas postas em prática para prevenir o suicídio” em 2015. O ministro Gérard Collomb irá ainda reunir-se com as “organizações representativas” da polícia e da guarda.

Na noite em que este comunicado foi divulgado no Twitter houve mais uma militar da guarda que se suicidou. Nesse dia, já se tinha suicidado o antigo dirigente da divisão nacional contra o hooliganismo, Antoine Boutonnet, na Direção Geral da Guarda Nacional, refere o jornal francês Le Monde.

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A questão do suicídio nas forças de segurança tem sido muito debatido em França pelo elevado número de casos. Um estudo de 2010, sobre os casos entre 2005 e 2009, refere que o risco de suicídio na polícia é 36% mais elevado relativamente ao resto da população.

Os dados mais recentes confirmam precisamente essa tendência, tanto no universo da polícia como da guarda nacional. De há dez anos para cá que 27 militares da guarda nacional se suicidam por ano, num universo de 100 mil. No caso da polícia são cerca de 42 entre 150 mil agentes que, todos os anos, põe fim à sua vida. Em 2014, suicidaram-se 55 polícias. No ano seguinte, 44 e, em 2016, o número baixou para 36. Este ano, contam-se já 44.

O que justifica este número de suicídios? “Está estabelecido que as causas são maioritariamente de ordem privada”, respondeu Manuel Valls em 2013, na altura ministro do Interior, acrescentando que “a dificuldade da profissão” não pode ser ignorado como um dos fatores que pode levar ao suicídio. Uma ideia reforçada por uma fonte do Le Monde ligada à polícia, referindo que “é uma situação complexa”.

A posse de uma arma, constante confronto com a morte e a violência, stress no trabalho, cansaço ligado ao horário atípico, horas extraordinárias, afastamento da família são alguns dos fatores de risco. “Hoje em dia há cerca de 50 mil polícias que só têm um fim de semana livre de seis em seis semanas”, denunciou o secretário geral de um dos sindicatos das forças de segurança.