Os dois maiores sindicatos de professores são recebidos esta terça-feira no Ministério da Educação para discutir o descongelamento das carreiras previsto na próximo Orçamento do Estado, mas duvidam que haja mudanças capazes de suspender a greve de quarta-feira.

Na véspera da greve geral de professores, que os sindicatos acreditam que poderá ser a maior da década, duas secretárias de Estado recebem esta tarde representantes da Federação Nacional de Professores (Fenprof) e da Federação Nacional da Educação (FNE), contaram à Lusa responsáveis daquelas duas estruturas sindicais.

Em causa está a polémica proposta de não contagem do tempo de serviço prevista na proposta do Orçamento de Estado para 2018, que será debatida na quarta-feira no parlamento.

“Ontem à meia-noite ligaram do ministério da Educação a dizer que iríamos receber uma convocatória de reunião com a secretária de Estado Adjunta, Alexandra Leitão”, contou à Lusa João Dias da Silva, secretário-geral da FNE, que será recebido às 17h00.

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Segundo Dias da Silva, o motivo da reunião é discutir o descongelamento da carreira, mas a convocatória “não especifica qual a proposta que vão apresentar” aos professores.

A FNE não tem grandes expectativas em relação à reunião desta terça-feira, assim como a Fenprof, que entende que o encontro serve apenas para “criar uma ilusão”.

“Não temos expectativas nenhumas, porque quem quer negociar seriamente não marca uma reunião para a tarde da véspera de uma greve. O Governo sente-se afetado e quer tentar criar uma ilusão, mas nós não a temos”, disse à Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.

Para Mário Nogueira, se o Governo estivesse interessado em negociar, teria marcado a reunião para mais cedo ou, pelo menos, o encontro de hoje contaria com a presença de um ministro.

“A reunião é com duas secretárias de Estado – Alexandra Leitão e a secretária de Estado da Administração e Emprego – que não têm competências negociais. Só vamos à reunião porque somos pessoas educadas”, criticou Mário Nogueira, lembrando que a Fenprof começou a pedir uma reunião a 12 de outubro, quando tomou conhecimento da proposta do OE2018.

A progressão na carreira dos professores está interrompida há uma década e, segundo a leitura feita pelos vários sindicatos, a proposta de OE2018 prevê que não seja contabilizado o trabalho realizado entre 31 de agosto de 2005 e 31 de dezembro de 2007 nem entre janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2018.

Os representantes sindicais percebem o impacto da reposição dos valores devidos e por isso dizem estar disponíveis para negociar essa reposição de forma gradual.

No entanto, dizem que nem ministério da Educação nem ministério das Finanças têm mostrado abertura para o diálogo, o que agrava o descontentamento dos docentes.

Os professores realizam na quarta-feira uma greve geral e uma concentração em frente ao parlamento, o que se poderá traduzir em escolas fechadas, alunos sem aulas e professores na rua.