O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, continua a encerrar ao público salas de exposição por falta de vigilantes, “embora a situação já não seja tão drástica”, mas continue “a ser preocupante”, segundo o diretor.

“Todos os dias temos de encerrar salas por falta de recursos humanos”, disse à agência Lusa o diretor do MNAA, António Filipe Pimentel, à margem da visita guiada à nova exposição, que é inaugurada na quarta-feira, com obras de arte adquiridas com o dinheiro do açúcar produzido na Madeira, entre os séculos XV e XVI.

De acordo com o responsável, vão ser substituídos quatro vigilantes que o MNAA perdeu recentemente, ficando com um total de 16 para um museu que “deveria ter mais de 30 a 35, para vigiar os seus espaços expositivos”.

Sobre as zonas expositivas que são mais afetadas com esta falta de pessoal, António Filipe Pimentel explicou que “são sempre mais preservadas as salas onde está pintura e escultura portuguesas”, enquanto “as de mobiliário português e presépios [são] as mais encerradas”.

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“Com as folgas, os turnos e um quadro de recursos humanos envelhecido, o museu continua a viver uma situação altamente preocupante e insuficiente. É preciso fazer uma gestão diária muito difícil”, alertou.

Em julho, depois da direção do MNAA ter avisado o público no seu sítio ‘online’ de que tinha sido obrigada a encerrar a maioria das salas por questões de segurança, relacionada com a falta de vigilantes, o museu recebeu um reforço de seis funcionários.

Na altura, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que tutela os museus, palácios e monumentos nacionais, tinha anunciado um reforço decorrente de um processo de contratação externa.

O museu, que é o segundo mais visitado do país, tinha chegado a uma situação de tomar medidas drásticas por se encontrarem “sete vigilantes de baixa médica”.

Criado em 1884, o MNAA acolhe a mais relevante coleção pública de arte antiga do país, de pintura, escultura, artes decorativas portuguesas, europeias e da Expansão Marítima Portuguesa, desde a Idade Média até ao século XIX, e é um dos museus com maior número de obras classificadas como tesouros nacionais.

Além dos Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, o acervo integra ainda, entre outros tesouros, a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por D. Manuel I, datada de 1506, Biombos Namban, do final do século XVI, que registam a presença dos portugueses no Japão.

Hieronymous Bosch, Albrecht Dürer, Piero della Francesa, Hans Holbein, o Velho, Pieter Bruegel, o jovem, Lucas Cranach, Jan Steen, van Dyck, Murillo, Ribera, Nicolas Poussin, Tiepolo, Fragonard são alguns dos mestres europeus representados na coleção do MNAA.

Em 2016, o MNAA somou 175.578 visitantes, mantendo o segundo lugar na lista dos museus nacionais mais visitados.

A exposição “As ilhas do ouro branco – Encomenda Artística na Madeira (séculos XV-XVI)”, que assinala os 600 anos da descoberta do arquipélago que hoje compõe a Região Autónoma da Madeira, será inaugurada na quarta-feira, no MNAA, abre ao público no dia seguinte e fica patente até 18 de março do próximo ano.