A Polícia Federal do Brasil iniciou esta terça-feira uma operação contra uma rede, que envolve políticos e empresários, suspeita de desvio de dinheiro do setor dos transportes públicos no estado do Rio de Janeiro, segundo fontes oficiais. Esta operação é um desdobramento das investigações da Lava Jato e procura cumprir seis ordens de detenção preventiva, quatro de prisão temporária e 35 de busca e apreensão.

Entre os mandados de prisão incluem-se os emitidos contra o empresário Jacob Barata Filho, do ramo do setor de transportes, e contra Felipe Picciani, um dos filhos do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani. Há também ordens de prisão contra Lélis Teixeira, ex-presidente da Federação de Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetranspor) e outros empresários do setor dos transportes. Além disso, a Justiça brasileira está a fazer buscas nos escritórios dos deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Jorge Picciani, um dos políticos mais influentes do Rio de Janeiro, é acusado de receber subornos da Fetransport e foi levado para a sede da Polícia Federal para prestar depoimento. Esta é a maior operação anticorrupção no estado do Rio de Janeiro desde a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, há um ano atrás, acusado de ter desviado centenas de milhões de dólares durante seu mandato (2007-2014).

De acordo com o Ministério Público brasileiro Sérgio Cabral, também do PMDB, uma formação liderada pelo presidente brasileiro, Michel Temer, teria iniciado o esquema de corrupção, desmantelado esta terça-feira, na década de 1990, quando era presidente do Alerj e, posteriormente, foi substituído no comando do esquema de corrupção por Melo e Picciani.

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As investigações começaram há seis meses e o Ministério Público brasileiro acusa os empresários do setor dos transportes de pagar subornos a deputados estaduais para estes facilitarem decisões a seu favor na Alerj. Um dos envolvidos na operação de terça-feira, Edson Albertassi, líder do governo na Alerj, foi nomeado pelo governador Luiz Fernando Pezão como um membro do Tribunal de Contas do Estado.

O Ministério Público brasileiro suspeita que essa indicação seja uma manobra para a rede de corrupção retomar o espaço perdido depois que vários Conselheiros do Tribunal de Contas terem sido afastados dos seus cargos este ano, numa outra operação anticorrupção.

Em julho, o empresário Jacob Barata Filho, filho de Jacob Barata, conhecido como “o rei do ônibus” e proprietário da maior frota de transportes do estado; Lélis Teixeira e outras 11 pessoas foram presas em uma operação contra o pagamento de subornos às autoridades do Rio de Janeiro. Barata Filho e Teixeira foram libertados em agosto graças a uma decisão controversa do juiz do Tribunal Supremo brasileiro, Gilmar Mendes, que foi padrinho do casamento de um dos filhos do empresário.