A taxa de inflação em Angola acelerou 2,39% entre setembro e outubro, voltando a aproximar-se de máximos de 2017, com o acumulado a 12 meses a subir para acima dos 26%, longe das previsões do Governo para este ano.

De acordo com o relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística angolano sobre o comportamento da inflação, divulgado esta terça-feira, trata-se da maior subida mensal do último ano, contrastando com os valores mínimos registados em maio (1,60%) e junho (1,52%).

O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em julho de 2016, quando, no espaço de um mês, segundo o INE, os preços registaram um aumento médio de 4%.

Entre janeiro e dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42%, segundo os relatórios anteriores do INE com o Índice de Preços no Consumidor Nacional.

No total de 12 meses, até junho, a inflação acumulada tinha descido para 30,5%, caiu em julho para 27,29% e estabilizou, em agosto e setembro (a um ano), ligeiramente acima dos 25%.

Em outubro, igualmente na contabilização acumulada, a 12 meses, a taxa de inflação atingiu os 26,25%, segundo o IPCN.

A subida de preços em outubro foi influenciada sobretudo pelos setores “Saúde”, com 5,061%, “Bens e Serviços Diversos”, com 4,03%, “Vestuário e Calçado”, com 3,85%, e “Bebidas Alcoólicas e Tabaco”, com 3,17%.

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O valor da inflação a um ano continua num registo muito superior à previsão de 15,8% para o período entre janeiro e dezembro que o Governo inscreveu no Orçamento Geral do Estado de 2017.

Desde setembro de 2014 que a inflação em Angola não para de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos.

As subidas de preços no último mês foram lideradas pelas províncias de Luanda (2,98%), Lunda Sul (2,07%), Lunda Norte (1,80%), Cunene (1,77%) e Bengo (1,72%), enquanto na posição oposta figuraram as províncias do Zaire (1,33%), Bié (1,34%), Cabinda (1,38%) e Cuando Cubango (1,50%).

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional para Angola, Ricardo Velloso, alertou a 22 de março, em Luanda, para a necessidade de medidas que ajudem a diminuir a elevada inflação que o país ainda apresenta.

A preocupação atual do FMI mantém-se à volta da necessidade de relançar o crescimento económico angolano “de uma maneira duradoura para os próximos anos”, além de baixar a inflação mensal dos atuais 2% a 2,5% ao mês para “níveis mais aceitáveis”, bem como sobre “como continuar a reforçar o sistema bancário e financeiro do país”, explicou o economista.