O primeiro comprimido digital foi aprovado nos Estados Unidos pela autoridade norte-americana do medicamento (FDA — Food and Drug Administration). Este medicamento com sensor de toma permite ao doente e, eventualmente, ao médico confirmar se a medicação está a ser cumprida.

Os comprimidos com sensor foram aprovados para o tratamento da esquizofrenia, o tratamento agudo de episódios maníacos e mistos associados com a doença bipolar I e como tratamento complementar contra a depressão. O medicamento Abilify MyCite (comprimidos de aripiprazol com sensor) tem um sensor embebido no comprimido que permite saber se foi ingerido ou não. O sensor envia a informação para um “penso-recetor” usado pelo doente e este envia a informação para uma aplicação móvel no telefone do próprio. O doente pode ainda autorizar o médico ou cuidador a consultar a informação sobre a toma do medicamento.

Quando os doentes não cumprem a medicação prescrita pelo médico os custos para o sistema de saúde são acrescidos, porque o doente vai precisar de novos tratamentos e medicamentos, referiu The New York Times. Espera-se que estes comprimidos possam ajudar a garantir a toma, mas a própria bula do medicamento alerta que não ficou demonstrado que com este método os doentes cumpram todas as tomas do medicamento.

“Se usado de uma forma incorreta pode criar mais desconfiança do que confiança”, disse Ameet Sarpatwari, instrutor em Medicina na Escola Médica de Harvard, citado pelo The New York Times.

Muitos doentes acabam por deixar a medicação porque não gostam dos efeitos secundários, mas o Abilify MyCite — o comprimido com sensor — também não é desprovido deles. Entre os efeitos secundários mais comuns contam-se náuseas, vómitos, prisão de ventre, dor de cabeça, tonturas, falta de controlo nos movimentos, ansiedade, insónia e inquietação.

Os médicos terão de analisar que doentes têm capacidade para usar este sistema, porque pode não ser aconselhado para todos os doentes para os quais o medicamento está prescrito. Os doentes que têm alucinações podem sentir-se perseguidos por este sistema, por exemplo. Os doentes devem ser acompanhados para perceber se há agravamento dos comportamentos suicidas. Além disso, a eficácia e segurança não foi confirmada em crianças.

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