A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, confirmou esta quarta-feira que existe uma “elevada probabilidade” de a fonte de infeção que deu origem ao surto de legionela estar “localizada no perímetro do Hospital S. Francisco Xavier”.

Em conferência de imprensa, Graça Freitas apresentou algumas das conclusões do relatório sobre a origem do surto de doença dos legionários, que foi agora entregue o Ministério Público, mas recusou especificar qual o local do hospital onde está a fonte da infeção. “É possível saber qual foi o foco”, garantiu Graça Freitas. Mas essa informação foi apenas enviada para o Ministério Público.

A responsável explicou que “foram tomadas medidas de correção das possíveis fonte de infeção”, que são “estruturas que têm a ver com a rede de água do hospital e as torres de arrefecimento”.

“Tivemos lá equipas técnicas a fazer uma análise pormenorizada dos sítios de água onde possam permanecer as legionelas. Essa documentação foi documentada no relatório entregue ao Ministério Público. As equipas colheram informação e isso está plasmado no relatório”, disse Graça Freitas.

A responsável sublinhou ainda que as análises foram feitas “nos sítios que se entendeu serem os mais críticos da rede de água”. Destacando que “é impossível testar todos os locais”, Graça Freitas explicou que os locais mais críticos são aqueles onde é mais provável que se formem aerossóis, uma vez que é essa a forma de transmissão da bactéria.

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Esses dados, que apontam para a localização exata da fonte de infeção, serão revelados “se o Ministério Público assim o entender”, acrescentou ainda a responsável. Contudo, disse ainda Graça Freitas, “se é da torre A, B ou C, ou se é de outro sítio, é irrelevante do ponto de vista da saúde pública”.

Graça Freitas destacou que o relatório agora entregue é “apenas preliminar”, uma vez que se baseia em “algumas amostras”, mas garantiu que “a rede de água do hospital já foi toda intervencionada” e que espera que “a bactéria já não esteja em nenhum sítio”.

Com base nesta informação, a diretora-geral de Saúde tornou a insistir que “o surto vai entrar em fase de resolução, se bem que seja possível que nos próximos dias continuem a ocorrer casos”.

Quatro vítimas poderão não pertencer ao surto

A diretora-geral de Saúde referiu ainda que existem quatro doentes que “carecem de maior investigação”, uma vez que a DGS não tem ainda a certeza de que pertençam ao mesmo surto. Isto porque se trata de quatro doentes que não tiveram qualquer contacto com o Hospital S. Francisco Xavier, onde este surto teve início.

“O Instituto Ricardo Jorge está a fazer a prova dos nove”, explicou Graça Freitas, sublinhando que é necessário perceber se a estirpe da bactéria que infetou estes quatro pacientes é a mesma que infetou os restantes doentes no hospital.

“Sabemos que não estiveram dentro do perímetro do hospital, mas não estão esquecidos”, garantiu a responsável.

O relatório preliminar apresentado esta quarta-feira pela DGS procura, como explicou Graça Freitas, descrever a história do surto, desde o dia 3 de novembro, dia em que foram detetados três casos de doença com contacto recente com o Hospital S. Francisco Xavier, até ao dia 14 de novembro (esta terça-feira).

Já foram infetadas 54 pessoas na sequência do surto de doença dos legionários com origem no Hospital S. Francisco Xavier, das quais cinco acabaram por morrer. Sete doentes estão internados em unidades de cuidados continuados, “o que significa que inspiram maior cuidado”, e 15 já tiveram alta.