O secretário-geral da Federação Nacional da Educação defendeu esta quarta-feira que não pode haver injustiças entre os trabalhadores da Função Pública, com uns a terem anos de carreira contabilizados e outros, como os professores, não.

“Há uma situação de injustiça relativa que não é aceitável”, quando há trabalhadores da Função Pública a quem foram contabilizados ou reposicionados anos de serviço na carreira, enquanto para outro grupo de trabalhadores, em que se incluem os professores, isso não aconteceu, frisou João Dias da Silva.

O dirigente sindical acompanha dezenas de professores que se concentraram no largo Vitoriano Damásio, em Lisboa, e depois se dirigiram à Assembleia da República, onde já se encontravam centenas de docentes.

Os professores realizam esta quarta-feira uma greve geral e uma concentração em frente ao parlamento, enquanto é debatida a proposta do Orçamento do Estado na especialidade com medidas polémicas como a não contagem do tempo de serviço.

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O dirigente da FNE avançou que “há muitas escolas encerradas e níveis fortíssimos de adesão” a esta greve dos professores e congratulou-se com esta posição dos professores.

Para o sindicalista a adesão demonstra que tem havido consciência por parte dos docentes da necessidade de, com esta paralisação, “dar um sinal [ao Governo] de que os professores estão descontentes e exigem que haja consideração e respeito pelo trabalho que realizaram no passado”.

Quanto à última reunião com o Ministério da Educação, João Dias da Silva revelou que o Governo admitiu que se possa trabalhar na base de sete anos de tempo congelado de carreira, quando na totalidade esse tempo ultrapassa os nove anos.

Segundo o sindicalista da FNE, em cima da mesa continua a possibilidade de haver um descongelamento faseado das carreiras nos futuros orçamentos de Estado, mas alerta para o facto de que isso tem de ser feito em tempo útil por forma a não prejudicar as pessoas que, entretanto, se venham a aposentar.

Recordando que chegam a Lisboa autocarros com docentes vindos de diversos pontos do país, como Faro, Monção ou Bragança, João Dias da Silva realçou que o objetivo é “dar à AR e ao país o sinal de exigência do respeito e consideração pelo trabalho que os professores realizaram”.

Disse ainda que, na quinta-feira, os sindicatos regressam às negociações com o Ministério da Educação que se comprometeu a apresentar um ponto de partida para tentar encontrar uma possível convergência ou uma solução para o problema dos professores sem comprometer a capacidade orçamental em cada ano, até final da legislatura.

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que também participa no protesto dos professores, referiu que a sua presença nesta concentração da FNE traduz o seu apoio inequívoco a esta reivindicação que entende “ser justa e legítima”.

O dirigente da UGT congratulou-se com o facto de as intervenções públicas desta central sindical e dos sindicatos que lhe são afetos ter ajudado a provocar “uma reação de ponderação” do Governo.

A UGT “valoriza muito a possibilidade que o Governo abre de poder haver um entendimento e uma solução negocial” que será debatida em novas reuniões no Ministério da Educação.

“Isso é muito importante e significa que os professores têm razão”, comentou Carlos Silva, notando que não se pode apagar nove anos de carreira e de trabalho desta classe profissional.

O responsável da UGT disse perceber os constrangimentos orçamentais do Governo e os seus compromissos no âmbito da União Europeia, mas contrapôs que é preciso perceber que não é justo nem legítimo que nove anos e meio de trabalho e de carreira dos professores não venha a contar.

Manifestou ainda convicção de que vai ser encontrada uma solução através da reposição faseada das carreiras.