A Caixagest, sociedade gestora de ativos do Grupo Caixa, lançou o primeiro fundo socialmente responsável no mercado nacional, o Caixagest Investimento Socialmente Responsável (ISR). Sofia Torres, administradora da Caixagest, revelou que esta estratégia de investimento nasceu da crescente consciencialização pelas temáticas sociais, ambientais e de boas práticas de governo e que o produto tem vindo a revelar um excelente desempenho.

“Quando pensámos em fazer um fundo socialmente responsável, a primeira preocupação era fazer um bom produto de investimento”, afirmou a administradora. Valoriza também que “o que considerámos, é que os investidores devem ter carteiras diversificadas por classes de ativos, pelo que optámos por um fundo multiativos com obrigações e ações”. Além disso, “quisemos dar aos clientes um produto que utilizasse critérios de responsabilidade social para seleção destas ações e obrigações”, explicou Sofia Torres.

Campanha Fundo Caixagest Investimento Socialmente Responsável.

Reflorestar Pedrogão

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A região de Pedrogão perdeu mais de 45 milhões de árvores nos incêndios. Sob o mote “Reflorestar Pedrogão”, o Fundo Caixagest Investimento Socialmente Responsável, lançou uma campanha de reposição florestal. A ideia é que por cada três mil euros de subscrições, haja lugar à plantação de uma árvore nativa. Sendo ainda que, quanto maior for o volume de subscrições do Fundo, menor será o custo de plantar cada árvore.

Até ao momento esta campanha – que continuará ativa até ao final deste ano – já conseguiu atingir o limiar das 10 mil árvores a que se propunha inicialmente.

Este é o primeiro fundo, em Portugal, com estas características, mas que segue uma tendência europeia. “É pioneiro no país, mas que corresponde a uma tendência que identificámos em muitos outros países da Europa, motivada, essencialmente, por políticas governamentais e a pedido dos próprios clientes”, disse apontando o exemplo de França onde os fundos de impacto social têm, atualmente, um peso muito considerável nos investimentos. Destacou também a Holanda, onde os grandes fundos de pensões têm critérios de investimento com filtros de responsabilidade social, por exigência regulamentar do sector e preferência dos pensionistas.

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Em Portugal, a administradora destacou a geração millennials como aquela que começa a mudar o paradigma dos investimentos financeiros. “Identificamos nas gerações mais novas o interesse em exprimir os seus valores através dos seus investimentos. Exprimem valores através do modo de vida e quando pensam em fundos, se houver oferta com filtros de responsabilidade social, é provável que efetuem essa escolha”, avançou.

Carteira inclui empresas éticas, sustentáveis e verdes

A solução integra o desempenho de várias empresas internacionais cotadas em bolsa, e concilia a sua análise financeira com critérios de sustentabilidade social, ambiental e gestão corporativa. No ano de lançamento, o fundo da Caixagest já contempla quase 100 investimentos em empresas elegíveis, entre as quais se destacam a Apple, Unilever, GlaxoSmithKline e a EDP Renováveis.

E como são escolhidas essas empresas? Sofia Torres asseverou que é feita uma seleção rigorosa e pertinente, face aos filtros que se pretendem. “Através de índices no mercado podemos observar quais as empresas que tem as melhores práticas e escolhemos as mais bem posicionadas em termos de ambiente, impacto social, direitos humanos e outros critérios ESG (Environmental, Social and Corporate Government)”, revelou. Adicionalmente, vincou que o fundo evita os setores de impacto social negativo, como é o caso das empresas relacionadas com tabaco, energia nuclear, armamento, bebidas alcoólicas e jogo.

Sofia Torres, administradora da Caixagest: “Queremos muito demonstrar que este fundo é um sucesso, que atinge os clientes e que as pessoas se revêm nesta política de investimento. “

A performance tem sido acima da média

Desde a sua constituição, a 3 de janeiro de 2017, o fundo apresentou um desempenho de destaque, atingindo, em 25 de agosto de 2017 o primeiro lugar de rendibilidade efetiva a seis meses na categoria de Fundos Multiativos Defensivos da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP). A gestora garante que este é um bom indicador.

Millennials mostram maiores preocupações sociais

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A crescente consciencialização da sociedade e a procura por parte dos clientes são apontadas como impulsionadoras de melhores práticas nas empresas. Aliás, como revela a sondagem “Insights on Wealth and Worth 2014” do U.S. Trust, a geração millennials (nascida entre 1980 e 2000 ) é aquela que mostra uma maior preocupação social e mudança de comportamentos no que diz respeito a investimentos. Este estudo avança que os millennials tomam decisões de investimento como forma de expressar os seus valores sociais, políticos e ambientais e reforça que esta geração acredita no impacto das decisões dos consumidores e investidores na responsabilização de empresas e governos.overnos.

Para Sofia Torres estes investimentos a longo prazo vão, contribuir para uma “sociedade melhor” e acredita nas réplicas num futuro próximo. “Quantos mais investidores utilizarem este critério, mais empresas vão introduzir melhores práticas na sua gestão”, apontando o exemplo norueguês, que tem o maior fundo soberano mundial, e que atingiu recentemente mil milhões de ativos e a adoção de uma política muito intervencionista na forma como seleciona as empresas em que investe. A gestora prossegue “esse fundo deixou de investir em empresas que devastavam a floresta. E quais as consequências? Fez com que mais empresas tivessem cuidados com a reflorestação ou com a forma como tratam a floresta. O peso desses investidores na capacidade dessas empresas de se financiarem no mercado é muito grande e dessa forma exercem influência”.

Taxas de juro baixas fazem diversificar investimentos

Ficha Técnica do Fundo Caixagest ISR

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O Fundo Caixagest Investimento Socialmente Responsável está a ser comercializado nos balcões da CGD e tem um valor mínimo de subscrição inicial de 100 euros. A sua política de investimento, é composta maioritariamente por investimentos em obrigações de taxa fixa emitidas em euros, com um máximo de 40% em ações. Não tem comissão de subscrição e a comissão de resgate é de 1% para investimentos inferiores a 89 dias; 0,5% para investimentos entre 90 e 179 dias; 0% para investimentos superiores a 180 dias. O prazo recomendado para participar neste fundo mobiliário aberto é de 2 anos e, em Outubro, os ativos sob gestão rondavam já os 25 milhões de euros.

Num período de taxas de juro muito baixas, os clientes têm vindo a procurar diversificar os seus investimentos com outros instrumentos. Por isso, avançou Sofia Torres, a administração da Caixa elegeu esta atividade de fundos como uma atividade core do Banco e procura “fazer a transição entre os tradicionais produtos de aforro e depósitos, para uma maior diversificação dos recursos dos clientes”.

Quanto ao futuro do produto as expetativas são grandes, “queremos demonstrar que este fundo é um sucesso, que atinge os clientes e que as pessoas se revêem nesta política de investimento” concluiu.