Se as eleições no PSD fossem hoje, o líder do maior partido da oposição e, porventura, o próximo candidato social-democrata a primeiro-ministro seria escolhido por menos de 28 mil militantes. As contas fazem-se assim: dos 215.883 militantes do PSD, apenas 12,5% têm quotas em dia e estão em condições de votar. Mais: desse universo, 87.744 militantes estão suspensos por não regularizarem as quotas há mais de dois anos e 7.567 têm moradas desconhecidos. Pormenor: independentemente da situação em que se encontram, se pagarem as quotas até 14 de dezembro, vão poder votar nas diretas agendadas para janeiro.

A informação é avançada pelo Jornal de Notícias, que confrontou as duas candidaturas com estes números. Para a equipa de Rui Rio, um fenómeno desta dimensão pode ser terreno fértil para o caciquismo e o pagamento em massa de quotas. “Receamos que isso possa acontecer, desvirtuando os princípios da democracia”, afirmou Salvador Malheiro, coordenador da campanha do ex-presidente da Câmara Municipal do Porto. Para Malheiro, aliás, números desta ordem de grandeza demonstram o “distanciamento” e o “alheamento” dos “militantes de base com as estruturas locais e nacionais” do PSD.

João Montenegro, diretor de campanha de Pedro Santana Lopes, concorda que o número de militantes em condições de votar “fica aquém do expectável e deve preocupar, em primeiro lugar, o PSD”. O responsável pela campanha do antigo primeiro-ministro desvaloriza, ainda assim, que tal possa alimentar esquemas de pagamento de quotas através de estruturas locais.

No limite, as duas candidaturas consideram que é preciso tomar medidas para travar este problema e introduzir maior transparência no sistema. Para Salvador Malheiro, coordenador da campanha de Rui Rio, a solução pode passar por “impedir que o pagamento de quotas seja feito por terceiros e admitir a possibilidade de todos os militantes, com um número mínimo de anos, votarem com ou sem quotas em dia. Ou ainda abrir este ato eleitoral à sociedade com a criação da figura de simpatizante”.

Já João Montenegro, diretor de campanha de Santana Lopes, a atribuição de uma referência para pagamento de quotas a cada militante pode ser um solução, sendo certo que a introdução do voto eletrónico é o próximo passo a tomar, no sentido de “introduzir maior transparência”.

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