Robert Mugabe não aceita ser afastado da presidência do Zimbabué. Em prisão domiciliária desde esta quarta-feira, o presidente do país e a mulher estarão decididos a que o chefe daquele Estado africano cumpra a totalidade do mandato, segundo a Reuters, que terá falado com fontes dentro da mansão. Diálogo com generais que tomaram o poder está a ser intermediado por um padre católico, Fidelis Mukonori.

Além da mulher, Grace Mugabe — que se pensava ter fugido para a Namíbia –, o presidente do Zimbabué está acompanhado na sua “mansão azul” por dois elementos da corrente política dentro do Zanu-PF, o G40, que assumiam funções no Governo do país — Jonathan Moyo e Saviour Kasukuwere. De acordo com a Reuters, Mugabe terá manifestado a intenção de continuar a assumir o controlo do poder político no país, numa posição que conta com o apoio da mulher e dos dois assessores. Moyo e Kasukuwere juntaram-se a Mugabe depois de as suas casas terem sido atacadas por militares na noite de terça-feira.

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Além de resistir a abdicar do poder, Mugabe também não mostra interesse em que as conversações com os generais que tomaram o poder sejam mediadas por um padre católico. Mukonori teria sido encarregado de convencer o presidente a passar o poder de mãos, numa transição tranquila e sem sangue para os militares que visavam afastar os “criminosos” que integravam o Governo de Mugabe. Mas o presidente do país não estará interessado nesse desfecho.

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O G40 — ou Geração 40 –, uma fação próxima de Grace, será, aliás, o grupo de onde radicam os tais elementos que as forças militares querem afastar da vida política do país. Fontes dos serviços de informações do Zimbabué avançam à Reuters que Emmerson Mnangagwa, antigo responsável pela segurança e que foi recentemente afastado da vice-presidência, está no centro da tomada de poder. Mnangagwa estaria há mais de um ano em contacto com os militares em preparação para o golpe desta quarta-feira.

Apesar das resistências de Mugabe, os eventuais sucessores do político há quase 40 anos no poder já começaram a alinhar-se. Desde logo, a própria mulher, Grace, que teve uma ascensão meteórica na política nacional à sombra do poder do marido. Também Emmerson Mnangagwa é tido como um forte candidato à tomada de poder. A lista conta ainda com o nome de Morgan Tsvangirai, líder da oposição que estava a receber tratamento médico na África do Sul e no Reino Unido e que imediatamente viajou para Harare.

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