O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento considera que a “absolutamente necessária” diversificação económica em Angola não implica um aumento da despesa pública, mas sim a criação de condições legais que impulsionem o investimento privado.

“A diversificação económica não depende da despesa pública, depende dos incentivos que se criem para os privados entrarem nos setores da atividade”, disse Akinwumi Adesina, em entrevista à agência Lusa, em Lisboa, no final de uma visita de trabalho à capital portuguesa, esta semana, acrescentando que “os privados precisam de poder entrar na economia, e para isso é preciso estabilizar o ambiente macroeconómico e dar incentivos fiscais”.

A questão, vincou o antigo ministro da Agricultura da Nigéria, “não é tanto diversificar ou não, mas sim ter setores da economia que representem uma percentagem alta das receitas no PIB mas que têm uma produtividade baixa”, como é o caso do setor petrolífero em Angola.

“A agricultura, os serviços, a indústria do acolhimento e o turismo têm de ser aumentados em termos de peso no total das receitas do Governo”, defendeu Adesina, vincando que “não é o Governo que tem de fazer tudo, tem é de criar as infraestruturas certas e o quadro regulatório adequado para o setor privado poder fazer, e eles assim farão”.

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Angola mergulhou numa crise económica com a descida dos preços do petróleo desde 2014, que desequilibrou as receitas e desencadeou uma crise cambial e de escassez de moeda estrangeira, fazendo com que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha sofrido uma recessão de 0,7% no ano passado, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Os países muito dependentes de exportações de uma só matéria-prima, como Angola ou a Nigéria, sofrem desproporcionadamente quando há choques nessa área”, reconheceu Adesina.

O que tende a acontecer é que quando os preços descem aumenta a ideia de diversificar, mas a questão é como fazer avançar essa diversificação económica, e é por isso que são necessárias mudanças estruturais na estabilidade macroeconómica e em investimentos em infraestruturas como a energia, que são absolutamente necessários para proteger os países do impacto dos preços”, concluiu o banqueiro na entrevista à Lusa.

Desde o início das atividades do BAD em Angola, em 1980, o banco já aprovou 43 empréstimos no total de 2 mil milhões de dólares; as operações em curso incluem nove projetos na área das finanças, que representam mais de metade dos 626 milhões de dólares que o BAD tem atualmente investidos no país.

Os pilares estratégicos de intervenção são o crescimento inclusivo através da transformação do setor agrícola e o apoio ao programa de desenvolvimento de infraestruturas sustentáveis.